02 maio 2011
Osama Bin Laden 1957-2011
Vejam este filme com atenção: a lógica de Bin Laden, a lógica dos que o temem, a autofagia das teorias conspirativas. A imensa estupidez do nosso tempo, uma estupidez que a morte de Bin Laden não resolve.
Nenhuma morte deve ser motivo de alegria. Esta, nem sequer me proporciona alívio. Pelo contrário: lembro o que no primeiro século da nossa era se dizia - "sangue de mártires é semente de cristãos" -, e temo que este sangue alimente ainda mais um movimento imparável. Bin Laden está morto, mas as circunstâncias que deram força ao seu movimento continuam iguais.
O que move os terroristas? O que leva pessoas - muitas delas de famílias abastadas e bem integradas na sociedade - a escolher a violência contra inocentes?
E nós: o que nos move? Se é a plena dignidade humana, tal como esboçada na declaração universal dos direitos do Homem, então temos de procurar outras vias. Pela violência, a férrea defesa dos nossos interesses e a cega imposição da nossa lógica não chegamos lá. Aproveitemos este momento, em que o "inimigo" sofreu um forte abalo, para repensar a nossa atitude.
***
Por exemplo: o que andamos a fazer na Líbia?
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15 comentários:
timtim por timtim, subscrevo
Curioso como esta manhã, ao ouvir a notícia no telejornal das sete, tive sentimentos muito próximos. Alegria não foi um deles, e alívio também não, a não ser em relação aos muitos milhares de parentes das vítimas dos atentados que assim talvez possam experimentar qualquer coisa próxima de uma sensação desfecho.
O mal perdura e não lhe vemos o fim.
Teresa, se hoje é para nos lembramos dos familiares das vítimas do 11 de Setembro, não consigo deixar de pensar também nos milhões de pessoas que perderam familiares no crime que foi/é a guerra do Iraque. Se aceitamos que matar o Bin Laden é um acto de justiça, não nos podemos chocar que um dia matem alguns dos nossos governantes ou ex-governantes.
O que sinto hoje: vergonha e impotência. É legítimo que nos protejamos da al Qaeda, sim, mas é ilegítimo que a ordem mundial continue igual e tão injustamente favorável ao Ocidente.
Eu nao gosto do senhor, nem um bocadinho, juro, mas nós nao estamos em guerra: ninguém devia questionar se se pode assim matá-lo e pronto?
Belo exemplo de "justissa" deram hoje os americanos. Pela sua ordem de ideias, agora só falta mesmo é alguém matar o Bush, o Blair, o Aznar e, claro, também o Durão Barroso. Mais o Khadaffi, o Ahmadinejad, o Nethanyahu, os chefes das máfias todas, etc., etc., não será?
E esta Terra cumprirá enfim o seu "ideal": tornar-se uma imensa coboiada transnacional...
E quando se der o próximo acontecimento trágico, só direi duas coisas: a uns pobres vítimas inocentes e, aos outros, que não se admirem.
Rita, repara na expressão: "guerra contra o terrorismo". Repara no estatuto de Guantanamo: nem as leis da guerra se lhe aplicam!
O Jansenista explica muito bem esta lógica: http://jansenista.blogspot.com/2011/05/taliao-e-justica-romantica.html
(e eu não concordo com uma única dessas ideias - a mais perfeita capitulação perante o terrorismo é aceitarmos o retrocesso à barbárie)
A. Castanho: grande síntese do ideal da Terra...
Sim, Guantanamo, os Estados unidos. Mas e a Merkel, o Barroso, o Rompuy?
Eles se calhar estão como o nosso barbeiro Luís: a partir do princípio que foi em auto-defesa...
Se calhar de momento têm outros problemas, para além dos direitos do criminoso mais odiado do mundo (é muito cansativo lutar permanentemente contra a corrente populista, e correr o risco de perder votos).
E não me dá jeito nenhum que o Obama aproveite para melhorar as suas hipóteses de ser reeleito, quando o que se esperaria de um governo como-deve-ser é que abrisse um inquérito para averiguar as circunstâncias deste assassinato.
Tu pelo menos também és "cidada" do Vaticano... :(
Rita, nem me fales disso. Então não sabes que o catecismo católico permite a "morte do tirano"?
Na lista de declaraçoes oficiais, foi a única que me pareceu aceitável.
dás-me o link? Só vi algumas, no Spiegel.
Sim, é este!
obrigadinha! Já me deste uma boa notícia. Acho que só por esta já merecem o imposto religioso que lhes pago... ;-)
:)
(pelo último comentário, Helena)
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