Este título é um bocadinho mentira. De facto, até é uma grande mentira, mas ando a ensaiar um nova carreira como parangonista de sucesso, e resolvi testar se um título destes me dá um pico de audiência igual a mulher nua na capa de uma revista semanal.
O respectivo contraditório está no Governo Sombra desta semana, e não digo a que minuto porque o programa todo está muito bom. Ora então: peguem lá na cana de pesca e divirtam-se. A piadas tantas o RAP fala da produtividade e da eficácia alemã, e refere a guia portuguesa. Ora bem: agora acredito que as coisas em Portugal estão realmente más. Quem já foi vítima de uma das minhas visitas guiadas sabe o que é que ele quer dizer quando encadeia na mesma frase eficácia, produtividade e Helena Araújo a fazer de guia: é uma conjugação de Atenas e Esparta, um intenso programa cultural para seleccionar os fisicamente mais aptos.
Se é este o nível de produtividade e eficácia que Portugal tem de atingir para sair da crise... ai!
Ficarei para sempre grata ao Ricardo por ter citado essa minha frase ("a Alemanha trata muito bem os seus pobres") e ter omitido muitas das outras que me poderiam ter envergonhado, por exemplo uma sobre questões demográficas dos turcos de Berlim, e mais não digo. Até comecei a desconfiar que ele no fundo, no fundo, é um cristão exemplar.
Agora, a sério:
Já contei várias vezes neste e noutros blogues como é que a Alemanha cuida dos seus pobres, e em especial dos filhos dos pobres. Se a Angela Merkel tivesse um assistente esperto (por exemplo: eu, hihihi) que a quisesse ajudar a aumentar a boa vontade dos eleitores alemães em relação aos pacotes de salvação do euro, fazia deslizar para a capa da Bildzeitung a seguinte informação: "em Portugal, o abono de família é no máximo de 35 euros por criança com mais de 1 ano; as famílias com rendimentos anuais superiores a 8500 euros não recebem abono de família".
O povo alemão, que recebe abonos de família de cerca de 200 euros por filho até este fazer 18 anos (podendo prolongar-se até que acabe a formação profissional), e acha que é pouco, ia ficar chocado.
É por aqui que o debate sobre a Europa devia começar: que Europa queremos, quem paga o preço dessa Europa, que União pode coexistir com tais assimetrias?
Da próxima vez que o Governo Sombra vier a Berlim, a ver se me lembro de lhes fazer uma pequena palestra sobre "a responsabilidade social do capital", princípio tão arreigado neste país que bem merecia uma emenda constitucional.
8 comentários:
candidata-te a assessora da merkel, já!
:))
e boa semana
Obrigada, António. Para si também!
Sabes, acho que é mais humano, aqui, sim, mas falha tanto...as estatística da fome infantil em Berlim, do analfabetismo juvenil ou do Aufstieg social (da subida de classe em tradução foleira) são tão assustadoras...
Pois, nem tudo se resolve com dinheiro. Às vezes penso que muitos portugueses se sentiriam "remediados" se recebessem o que os pobres alemães recebem. Mas essa apoio material não resolve todas as misérias.
Agora é aproveitar o golpe publicitário. E se precisares de colaboradores para dar vazão aos pedidos, é só avisar. Ofereço-me para estágio. Remuneras?
De qualquer forma, fizeste bem em dizer isso aos senhores. Já dizem mal de tanta coisa sozinhos...
Rita Maria,
Nova-Alemã
Rita, eu contei a verdade. Também falei do sistema nacional de saúde. Pois, contei a verdade toda, na esperança que se decidissem a ficar por cá.
Paulo,
aceitas recibos verdes? ;-) ;-) ;-)
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