Daqui a bocadinho (isto sou eu a lembrar-me que tenho de ir dormir muito depressa) saio para levar um grupo de portugueses a Weimar.
Se durante o fim de semana os comentários não forem publicados, é porque estou a repetir uma correria de há um ano.
Desta vez são dois dias. Dá para respirar um bocadinho entre dois museus, mas mal sabem eles que eu sou a Hola! da época da cultura clássica de Weimar. Vão ser dois dias a ouvir coisas do género: "Quatro semanas depois de voltar da Itália, Goethe cruzou-se no parque com uma simpática moçoila. De facto, não foi um acaso. Ela pertencia a uma família outrora com bom nome, juristas e pastores, mas que caíra na miséria devido a descuidos vários do pai, e trazia-lhe um recado do irmão, para que Goethe metesse uma cunhazita. Goethe ajudou o irmão - um rapaz com muito valor, que chegou a ser um escritor conhecido em toda a Europa, mas infelizmente os direitos das publicações não foram muito compensatórios, e o homem escrevia best-seller atrás de best-seller mas não enriquecia -, e de caminho apaixonou-se pela moçoila, levou-a logo ali para a sua casa e escreveu o lindo poema "violeta" para se convencer a si próprio que as suas intenções eram as melhores. A moça chamava-se Christiane Vulpius, e a cidadezinha começou a fervilhar de má-língua e despeito. Nem queiram saber o que a Frau von Stein, já um bocado com os azeites por Goethe ter ido para Itália sem lhe pedir autorização, nem queiram saber o que ela ferveu. Mas, de facto, já tudo estava perdido ("tudo", o quê? nunca saberemos realmente o que se passou entre esta mulher casada e Goethe, sua alma irmã, embora sete anos mais novo, e sem jeito nenhum para os punhos de renda da corte), porque ela, na ausência do escritor, até arranjara um cão para ter em casa, bicho que o génio detestava. Não se imaginaria melhor gesto para bater a porta sobre os cacos de uma profunda amizade. E por falar em cão, quando a actriz principal do teatro, a Caroline Jagemann, que era há longos anos a amante do grão-duque, disse que queria ter o seu poodle no palco, aí Goethe..."
Etc.
Mal eles sabem. A esta hora estarão a dormir descansadinhos, porque amanhã saímos às sete da madrugada, e o melhor que eu tenho a fazer é seguir-lhes o exemplo.
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