25 fevereiro 2011

a nossa sorte é que os animais não têm nem facebook nem praça Tahrir...

A gente sabe tudo isto, mas prefere ignorar.
Dá tanto jeito fazer de conta que não se sabe...




E agora: com que cara vou comprar a carninha barata dos supermercados?
De que consumos estou disposta a abdicar, para poder comprar a carne de quintas de produção biológica, integrada, essas coisas? "Ovos de galinhas felizes", "condições de vida humanas" - até nos rimos das expressões que se inventam para falar da diferença.

Acho que já contei: a minha avó prendia as flores e soltava as galinhas. O porco passeava na liberdade condicional do quinteiro, as vacas pastavam nas leiras frescas ao fundo do lugar.
Tivesse ela feito um aviário, podia comprar uma casa com piscina no Algarve.
(A saudade que tenho desses momentos em que a minha avó saía da casa com o avental cheio de milho, chamava "polhinha! polhinha!" e as galinhas vinham para ela, alvoroçadas e confiantes.)

10 comentários:

Ant.º das Neves Castanho disse...

Mas também há à venda, nos super-mercados, carne biológica! Mais cara, claro, e espero que não seja intrujice...












Parece-me que se escreve "Tahrir", não tenho a certeza, e "abatedouros" nunca tinha lido. Seria muito melhor "Matadouros"...

Paulo disse...

Em muitos casos devem ser mais abatedouros que matadouros. É sem dó nem piedade.

(Helena, podias ter avisado que o filme continha cenas verdadeiramente chocantes. Após os primeiros segundos tive de o parar.)

(Conheces o poema de Sophia que fala das pessoas sensíveis que não são capazes de matar galinhas, porém são capazes de comer galinhas?)

Helena Araújo disse...

A. Castanho, também espero que não seja intrujice. Sim, vejo-a até no Lidl, por um preço acessível. Pergunto-me como...
Nas lojas biológicas custa quase o dobro da outra.
(Tahir ou Tahrir? Eis a questão)

Paulo,
desculpa, de facto devia ter avisado. Sim, conheço o poema - e sim, tenho as orelhas a arder.

Não tenho propriamente problemas em comer carne de animais - na natureza também se faz...
Mas tenho problemas com as condições terríveis em que eles são criados. Não pode ser assim.
Outro dia uma amiga da minha filha contou de uma quinta biológica que visitou. Dizia ela: "se aquilo já era biológico, nem quero pensar nas condições em que os não biológicos vivem..."

Paulo disse...

Não precisas de ficar com as orelhas a arder. Eu também não sou vegetariano, hélas, e não consigo matar galinhas. Já a minha mãe não se incomoda nada; mas ela tem-nas a viver felizes lá na terra.

Helena Araújo disse...

Tu não me digas que somos primos? A tua mãe se calhar é a irmã mais nova da minha avó...

Uma vez a minha vizinha minhota fartou-se de ralhar comigo: "que mãe é esta, que não deixa os filhos verem televisão mas deixa-os ver matar galinhas?!!!"
Eu acho que está bem: é bom que eles conheçam esta realidade. Não os deixei ver matar o porco (nem sei porquê - acho que é porque os meus pais também não nos deixavam), mas fomos lá quando começaram a abrir, e foi uma fantástica aula de biologia.
O pessoal da matança deu-se mesmo ao trabalho de tirar os orgãos um a um, e mostrar os miúdos ali presentes.

Paulo disse...

Eu também podia assistir à matança de galinhas e de coelhos. Lá por casa não havia mais bicharada e, agora, só mesmo galinhas, que dão óptimos ovos para a torta de laranja.

Helena Araújo disse...

mudei para Tahrir - no google dava 10x mais ocorrências, ganha a democracia.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Helena, não confundas democracia com sabedoria. É injusto para ambas. E na sabedoria não é forçosamente o número que prevalece (imagina que há dez vezes mais ignorantes do que sábios a "ocorrer" no «Google»...)!


Democracia e sabedoria são igualmente independentes: não precisam para nada uma da outra. A aceitação desta evidência pode ser um pequeno passo para o cérebro humano, mas é seguramente um grande passo para a cultura cívica de uma Sociedade (e infelizmente, em Portugal, ainda se malha em demasia na suposta "equivalência" ou semelhança entre estes dois conceitos, pertencentes a dois mundos distintos)...

Helena Araújo disse...

Sim, é verdade: a democracia pode ser muito manipulada (pelos sábios... hihihi).

snowgaze disse...

O que eu gostava de ver era uma "etiqueta" a dizer "agriculcura/pecuária tradicional". Colheitas uma vez por ano em vez de quatro e animais à solta em vez de fechados em estábulos (onde é que os alemães têm as vacas que nunca vi nenhuma?). O "biológico" não me convence - ainda para mais no outro dia comprei uns tomates bio que sabiam a água. Que barrete.