17 fevereiro 2011
arte
(via Educação Irracional)
Alguns descontos:
- Ninguém espera encontrar uma gracinha destas numa exposição daquelas.
- Em frente à câmara toda a gente quer fazer boa figura, ou: como não se espera uma gracinha destas naquele sítio, ninguém ousa dizer "isto parece um borrão feito por crianças" - se o quadro está num sítio daqueles só pode ser por um motivo muito forte e, num contexto desses, dizer que aquilo parece uma criancice é correr o risco de passar por muito ignorante em frente à câmara.
- Quando Freud falha, Marx explica: é aquela história da validação do mercado. As coisas têm o valor que o mercado lhes dá. Se um quadro conseguiu ser exposto numa exposição com a fama daquela, é porque tem muito valor. E escusam de se rir: quem não tem uma única peça de marca em cima do corpinho, atire a primeira pedra. Ou: quem não tem notas na carteira (sim: qual é o valor real de uma nota de 50 Euros? 3 cêntimos? mas a gente usa-a como se valesse 50 Euros, porque a sociedade combinou atribuir-lhe esse valor - com os quadros de Picasso é a mesma coisa).
Talvez alguma da arte contemporânea seja uma brincadeira de crianças. Eu é que não sei dizer, porque não percebo nada de arte contemporânea, e tinha de saber muito para poder ir ao fundo da obra e voltar dizendo, com um superior encolher dos ombros vergados de saber: "não pensou mais do que aquele chimpazé pintor".
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10 comentários:
Eu costumava levar o miúdo ao museu de arte contemporânea, e entretinhamo-nos a adivinhar a idade dos autores de certos quadros. A média andava pelos 4-5 anos. :-)
(claro que a realidade não devia ser essa, mas era cada quadro que mais parecia saído de um jardim infantil, só riscos finos à sorte, como os miúdos a riscar folhas de papel com lápis finos)
Snowgaze, algo me diz que havíamos as duas de fazer um curso de História da Arte (por correspondência). Eu também não sei entender o que quiseram dizer com esses riscos finos numa tela, e gostava de saber, em vez de ficar com esta minha cara de "ãh?" e passar para o próximo quadro, o próximo "ãh?".
Por mim, esses museus podiam chamar-se "de Arte Contemporãhnea"
;-)
Pois é Helena...até os patos pintam que não eu, não por não ser pato mas por ser incapaz.
Notas de 50 euros !!?? Viva o luxo. Cá pelo burgo só raramente as apanho. As de 5, 10 e 20 são as que vejo mais...mas não vivo na rica Berlim :))
Eu tento tratar bem o meu corpinho mas coisas de marca só as calças Levi's e vá lá uns sapatos Timberland que isto com a idade percebe-se que uma coisa que a de tratar bem são os pézinhos :))
( desculpe a publicidade )
E boa continuação de sessões cinematográficas aí na Berlinale 2011.
Fico à espera da sua apreciação ao filme do português Hugo (??) Vieira da Silva que acho que se chama "Swans".
António,
os portugueses não precisam de notas de 50 euros porque têm o multibanco. Que eu bem vi os preços à porta do tal restaurante Cadeia de Estremoz...
Timberland? Experimente os sapatos Mephisto. Não são muito bonitos, reconheço, mas são confortáveis, e duram anos sem fim.
Quanto ao Swans: não fui ver. A minha filha pediu para irmos antes ver o Life in a Day. Em termos de crítica, tenho ouvido o costume no caso de filmes destes: uns dizem "muito bom", outros dizem "ãh..."
Ah, também queriam encarcerar-te na Cadeia Quinhentista? Eu fiquei lá preso com a Ju (rais'parta o tal Valentim que perdeu a cabeça e que, por isso, a faz perder a tantos...), para cima de quinhentos segundos, e tive de pagar uma fiança de 50 euros para nos deixarem saír! Mas não nos trataram mal enquanto lá estivémos detidos, antes pelo contrário, havemos de repetir uma década destas (já enviei o pedido ao Axel Weber, espero que se não extravie...).
50 euros? Passaram lá 500 segundos a pão e água, foi?
;-)
Sabes que eu é mais números e afins, por isso não me incomoda nada não perceber o que é que os tais riscos significam... Aprecio quadros de coisas menos abstractas, que eu nunca poderia pintar por falta de talento e formação, isso sim. Borrões e riscos até posso gostar, mas não dou, de longe, o mesmo valor.
Mais ou menos... Alguma aguinha, sim, e diversas qualidades de pão (todas excelentes!), mas comemos igualmente, como entradas, cogumelos estufados com cheiros da Serra de S. Miguel, que estavam óptimos, e um queijo gratinado com uvas passas e moscatel (divinal), com uma garrafa de branco de Baleizão (bastante recomendável), e depois fomos para o prato do dia (que era rancho, com legumes e enchidos da Região), uma dose apenas, a dividir pelos dois. Sem sobremesas (para quê?), mais dois cafés: cinquenta e poucos euros. Ficámos muito bem e, assim, ainda sobraram uns trocos para umas prendinhas para os gaiatos (remorsos por não os termos desta vez levado connosco...) e umas ofertas originalíssimas (licor de bolota e dois copinhos em cortiça) para o casalinho de quase-septuagenários (os meus Padrinhos) que nessa noite os "beibi-sitou" (como vês, até uso anglicismos!).
Parece propaganda barata, mas olha que não é. É apenas subserviência servil aos ditames dos nossos governantezinhos, que querem a todo o custo que vamos "para fora cá dentro" e que contribuamos para aumentar as exportações - vá, e agora toca a fazer publicidade ao Alto Alentejo aí pelas Regiões do Berlim-Brandeburgo e vizinhas, "óvistes"?
Do que mais gostei foi da explicação freudiana daquele senhor de certa idade. Por supuesto, a carga sexual, a repressão e tal.
É o que te digo, Paulo: por causa da televisão, estas crianças hoje em dia sabem muito mais do que lhes ensinaram... ;-)
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