Para as eleições do Presidente da República os emigrantes podem votar, sendo obrigados ao voto presencial.
Se bem se lembram, há alguns anos fecharam uma série de consulados para poupar dinheiro.
Isso significa que há agora ainda mais portugueses obrigados a fazer centenas de quilómetros para poderem votar. Antes de vir morar para Berlim, no meu caso eram quase 600 km.
Da última vez que ouvi debater esta questão, exigia-se o voto presencial por medo das "chapeladas". Ora, esta situação é que é uma grave "chapelada" na Democracia!
Mas conseguimos fazer pior, como relata uma portuguesa residente em Munique:
"(...) não votei, se bem que tenha a atenuante de nem as pessoas do Cons ulado terem sido capazes de me explicar como é que isso funciona. Só faltou dizerem "ó menina, mas quer votar para quê, deixe-se lá dessas modernices".
(...) Aqui temos um consulado que "funciona" um dia por semana, que é visitado pelo cônsul um dia por mês (...) e estas coisas são processadas em Estugarda - é que nem me garantiram que podia votar aqui, parece que os novos recenseados têm que votar em Estugarda, que é bué longe... ponho-me mais depressa em Lisboa que em Estugarda."
E continua, com uma pergunta que nos deveria dar muito que pensar:
"E o mais inacreditável é que não há desculpa. Se os alemães podem votar por carta ou noutro local de voto, se os suecos podem votar por SMS, porque é que nós, que em tantas coisas estamos tão mais avançados (dois exemplos: sistema bancário (MB) e telecomunicações, em particular as móveis), porque é que nisto, tão simples e tão importante, não podemos avançar um bocadinho?"
Outro elemento que falha redondamente é a informação. Se os candidatos se dão ao trabalho de correr o país de Norte a Sul para "vender o seu peixe", porque é que ninguém se lembrou sequer de avisar os emigrantes de que havia eleições, e de informar sobre os candidatos e respectivo programa? Podem responder-me que é dever do eleitor informar-se - e é verdade. Mas parece-me que os emigrantes, pelo simples facto de viverem no estrangeiro, e de terem mais dificuldade em acompanhar no dia-a-dia o que se passa no seu país, mereciam um cuidado especial, em vez desta incrível indiferença. Ou então, assumam com frontalidade que os emigrantes são cidadãos portugueses de segunda classe, sem aptidão para participar nos actos eleitorais.
Se bem se lembram, há alguns anos fecharam uma série de consulados para poupar dinheiro.
Isso significa que há agora ainda mais portugueses obrigados a fazer centenas de quilómetros para poderem votar. Antes de vir morar para Berlim, no meu caso eram quase 600 km.
Da última vez que ouvi debater esta questão, exigia-se o voto presencial por medo das "chapeladas". Ora, esta situação é que é uma grave "chapelada" na Democracia!
Mas conseguimos fazer pior, como relata uma portuguesa residente em Munique:
"(...) não votei, se bem que tenha a atenuante de nem as pessoas do Cons ulado terem sido capazes de me explicar como é que isso funciona. Só faltou dizerem "ó menina, mas quer votar para quê, deixe-se lá dessas modernices".
(...) Aqui temos um consulado que "funciona" um dia por semana, que é visitado pelo cônsul um dia por mês (...) e estas coisas são processadas em Estugarda - é que nem me garantiram que podia votar aqui, parece que os novos recenseados têm que votar em Estugarda, que é bué longe... ponho-me mais depressa em Lisboa que em Estugarda."
E continua, com uma pergunta que nos deveria dar muito que pensar:
"E o mais inacreditável é que não há desculpa. Se os alemães podem votar por carta ou noutro local de voto, se os suecos podem votar por SMS, porque é que nós, que em tantas coisas estamos tão mais avançados (dois exemplos: sistema bancário (MB) e telecomunicações, em particular as móveis), porque é que nisto, tão simples e tão importante, não podemos avançar um bocadinho?"
Outro elemento que falha redondamente é a informação. Se os candidatos se dão ao trabalho de correr o país de Norte a Sul para "vender o seu peixe", porque é que ninguém se lembrou sequer de avisar os emigrantes de que havia eleições, e de informar sobre os candidatos e respectivo programa? Podem responder-me que é dever do eleitor informar-se - e é verdade. Mas parece-me que os emigrantes, pelo simples facto de viverem no estrangeiro, e de terem mais dificuldade em acompanhar no dia-a-dia o que se passa no seu país, mereciam um cuidado especial, em vez desta incrível indiferença. Ou então, assumam com frontalidade que os emigrantes são cidadãos portugueses de segunda classe, sem aptidão para participar nos actos eleitorais.
7 comentários:
Muito mau.
Não se compreende, de facto, como ainda se obriga ao voto presencial, se tanta coisa até já é quase obrigatóriamente feita em exclusivo pela "net" (um óbvio exagero, sobretudo no tocante às questões da Segurança Social, em que há tantos "info-excluídos"!).
Já quanto à campanha eleitoral, acho que o argumento funciona para o sentido inverso, ou seja, com os meios de informação que actualmente existem, já quase se dispensa o contacto directo. Se ele já foi tão reduzido aqui na lusolândia, quanto mais na luso-diasporânia...
Concordo com isso, e também me fiz a mesma pergunta, mas: na lusolândia os telejornais falavam disso, os jornais falavam disso, os cartazes na rua falavam disso. No resto do mundo, só se andares muito atento é que te dás conta que está a haver eleições.
Agora podes perguntar: mas se os emigrantes nem sabem que vai haver eleições, que valor tem o seu voto?
Bom, por um lado estou habituada, aqui na Alemanha, a receber uma cartinha antes das eleições (locais alemãs) informando-me sobre as datas, o meu local de voto ou a possibilidade de votar por correio, e ainda os candidatos que concorrem. Os partidos também me deixam folhetos na caixa do correio.
Por outro lado, é mesmo a questão da cidadania: ou dizemos que os emigrantes são portugueses de segunda e por isso não podem votar, ou a campanha eleitoral tem de decorrer de modo a levar informação aos emigrantes. Porque - embora não pareça - uma campanha não é uma guerra publicitária, é um momento de informação aos eleitores.
Só não pude votar duas vezes. A primeira, porque estava imigrado no Algarve. A segunda foi esta: estava imigrado em Estucharda (esta tem direitos de autor: © Io). É certo que provavelmente pediria uma esferográfica para votar em branco ou para anular o meu boletim de voto, o que, em mim, seria uma estreia. Porém, isso não vem ao caso. O que vem é que há anos que não percebo por que razão não podemos fazer como os Alemães, que vêm alegremente de férias para Portugal e deixaram o seu voto expresso num envelope.
Nem mais, Paulo.
Gostaste do é certo que provavelmente?
Adorei.
Escreve mais dessas, o Mia Couto até vai ficar pálido de "como é que não me lembrei disto?"
Enviar um comentário