10 janeiro 2011

faces of hope

(foto tirada daqui)

Do Spiegel Online: Christina Green nasceu no dia 11 de Setembro de 2001, e orgulhava-se de ser um sinal de Esperança, como lhe chamava o livro "Faces of Hope", onde se publicava a foto de cinquenta bebés americanos nascidos naquele dia, um por cada estado - ela era o bebé do Arizona. Aos nove anos já se interessava por política, e queria participar no encontro com Gabrielle Giffords. Morreu, com outras seis pessoas, vítima da "raiva e da intolerância na política americana". 

Traduzo do artigo do Spiegel:
Roxanna Green procura agora encontrar também um pouco de Esperança na morte da sua filha. Espera não apenas que o autor do atentado tenha um processo justo, mas também que toda a nação se dê conta do terrível preço que pode resultar de um diálogo político envenenado. 
"Penso que há demasiado ódio, e isso tem de acabar," diz a mãe cuja filha nasceu no dia 11 de Setembro de 2001.

***

Há tempos comentei, a propósito deste post, que a sugestão de matar ilegalmente o Assange, feita na TV por Bob Becker, na Alemanha daria pena de prisão. O mapa que a Sarah Palin tinha no seu site, com "alvos a abater", também não seria permitido neste país - eu sei que aquilo era linguagem figurada, sê-lo-ia com certeza, mas até para a prática de "fazer um desenho" há limites.
Da próxima vez que se falar da Liberdade de Expressão como um dogma, lembrem-se disto.

9 comentários:

io disse...

Isto é tudo terrível.
Terrível. E esta medonha coincidência um verdadeiro horror.

Ant.º das Neves Castanho disse...

A América tem a violência extrema e a barbárie mais cruel no seu ADN colectivo. Foi construída sobre monstruosidades inenarráveis, vileza insuperável, incontáveis cadáveres físicos e morais e, até aos dias de hoje, por detrás daquela aparência toda de luzes, frenesim e brilho, nunca passou ela própria de um cadáver putrefacto, penso que já sem qualquer esperança de alguma redenção.

Eu não odeio a América, nem os norte-americanos, apenas os lamento, muitíssimo. Pobres crianças que nascem nesse Matadouro humano...

Helena Araújo disse...

Hiiiiii, o que por aí vai.

Vivi lá dois anos, e não vi nada disso. Há de tudo, como na Europa.

E não falaria nunca em ADN colectivo. Que espécie de pecado original é esse? E quando aparece gente americana com qualidade, que se dirá? Que são degenerados?...

Noto que quando o "ADN" europeu anda em momentos de curto-circuito muitas das melhores cabeças europeias refugiam-se nos EUA, onde são muito bem acolhidas.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Helena, eu também vivi anos num Estado salazarista e nunca dei nem pela Ditadura, nem pela Censura, nem pela PIDE, nem por nenhuma espécie de Opressão. Isso prova o quê?

Se tu viveste "lá" e nunca contactaste de perto essa faceta extremamente violenta que ACTUALMENTE distingue, de facto, a Sociedade norte-americana de todos os Países europeus mais representativos (sei que haverá Sociedades tão ou ainda mais violentas do que a americana, em certos recantos dos Balcãs, ou mesmo no Leste, dos Cárpatos aos Urais, mas não me parece que representem própriamente a Sociedade europeia média), só te podes dar por muito feliz, mas não te exime de reflectires sobre os dados estatísticos, frios e objectivos, que mais pesam neste domínio, que são os índices de criminalidade violenta.

Como igualmente o próprio ordenamento legal, pois não será por acaso que já várias vezes afirmaste ser causa de prisão, na Alemanha, algo que, pelos vistos, nos E. U. A. é tolerado com indiferença. Já para não falarmos na aberrante (para os nossos padrões) Legislação sobre uso e porte de armas...

Mesmo tendo sido, individual e pontualmente, porto de abrigo nas tormentas passadas da Europa, parece-me inquestionável que a Sociedade norte-americana de hoje, como sempre, continua num nível de muito maior barbárie, em bastantes aspectos, do que a europeia (nos nossos dias, claro).

Claro que, num País tão gigantesco e diversificado, deve haver algumas Comunidades, ou mesmo Estados, que constituam honrosas excepções a esta regra. Como deverá haver Bairros relativamente tranquilos até em Bagdad, em Grozni, ou em Cabul. Mas isso não me tranquiliza em nada e, para ser sincero, prefiria correr riscos em sítios "bárbaros" como o Sudão, a Colômbia, ou a Costa do Marfim, do que arriscar no escuro fosse onde fosse nos E. U. A. (e acho que não te posso explicar porquê em meia dúzia de linhas)...

Helena Araújo disse...

A. Castanho,
se nunca deste pela Ditadura, isso prova que eras muito novo!
;-)

Ant.º das Neves Castanho disse...

Sim, era ainda um "chavalo", mas catorze anos, inteiros, sem nunca ter dado por nada de nada que me importunasse, enfim, não sendo sequer um "menino-bem", acho que já diz qualquer coisa sobre os riscos de extrapolar experiências individuais para universos muito distantes do meio pessoal, como sejam o de uma Nação inteira...

Helena Araújo disse...

A PIDE não era uma experiência meramente pessoal. Mesmo que tu não te desses conta, ela existia e agia.
De repente até me lembra um comentário de uma vizinha minha em Weimar: "se a gente não se metesse em políticas, até se vivia muito bem na RDA".

Ant.º das Neves Castanho disse...

Mas é exactamente isso que eu digo: a experiência pessoal, quando abusivamente generalizada, pode ser muito enganadora...

Helena Araújo disse...

Pois. Mas a PIDE é um facto verificável. Já o ADN colectivo da América...