26 novembro 2010

enquanto isso, em Berlim...


Desta vez parece que é a sério: estão a preparar um ataque em grande à Alemanha. O plano: fazer no Reichstag o que fizeram em Bombaim. Com turistas como reféns, um banho de sangue, tudo em grande.
A notícia foi dada pelo Spiegel (aqui, em alemão; a fotografia é desse site) e o Ministro do Interior criticou a revista duramente, por andar a brincar com a segurança e os medos dos cidadãos. Mas não desmentiu. Mandou fechar a cúpula do Reichstag, encheu a cidade de polícias. As residências dos políticos mais importantes já não são guardadas por simpáticos polícias, mas por agentes armados com metralhadoras. A estação central quase tem mais agentes de segurança que passageiros (ahem, estou a exagerar um bocadinho). A segurança das escolas judaicas e americanas foi reforçada, e numa escola americana são os próprios pais que se revezam para fazer piquetes de apoio.
O ambiente está estranho. Nos transportes públicos já se vêem pessoas com as mesmas reacções a que assisti na San Francisco do pós 11 de Setembro: o olhar desconfiado para os outros passageiros, e para o que transportam.
Ontem fui ao centro da cidade, e não fui descansada. A própria escolha dos transportes públicos deixou de ser feita em termos do tempo que demora, mas do "estrelato" das estações que vou usar. Na estação central, tratei de me esgueirar rapidamente.
Embora a probabilidade de ser atropelada por um automóvel seja bem maior, convenhamos.

7 comentários:

Rita Maria disse...

A sério? Meu Deus, devo andar a dormir!

Gi disse...

E anda meio mundo cheio de medo do outro meio... É horrível, não é? ter-se conseguido que as pessoas não vivam habitualmente (a expressão, dizem-me, é de Salazar, mas neste caso é apropriada).

Rita Martins disse...

A paranóia é grande mesmo em cidades bem menos significativas do que Berlim. Em Essen, onde resido, evacuaram uma estacao de metro há uns quantos dias por terem identificado uma mochila abandonada, a qual, afinal, estava repleta de chocolates e pertencia a um miúdo de escola primária. Há quem aconselhe também a evitar frequentar os mercados de Natal. A questao pertinente é mesmo que o panico generalizado já se intromete nas vidas privadas e te comeca a condicionar os passos. Este tipo de ameacas até é bastante apropriado, numa época em que a Alemanha anuncia reformas substanciais na sua infra-estrutura militar. Ninguém me convence que o denominado terrorismo actual tem outras razoes que em nada estao relacionadas com pequenas organizacoes iemenitas, paquistanesas ou afegas.

Helena Araújo disse...

Rita Dantas, hoje na estação central vi polícias a revistar as malas de duas mulheres. Nunca tinha visto, excepto nos aeroportos.

Gi, é verdade. Na escola, os meus filhos insistem em ignorar ("mais depressa somos apanhados por um carro"), e levam raspanetes dos outros, que querem levar o caso muito a sério.

Rita Martins, não vou tão longe. Eu sei que las hay e tal, mas o onze de Setembro, o onze de Março e o ataque em Londres não foram obra de interesses militares ligados ao armamento.

Rita Martins disse...

Helena, nao teria assim tanta certeza, sobretudo no que diz respeito ao 11 de Setembro. Há simplesmente demasiado que ficou por explicar. Depois, se formos um pouco racionais, que hipóteses teriam terroristas armados de entrar no Bundestag, um dos edifícios mais bem guardados da Alemanha? Estas histórias sao tao surreais que me fazem quase acreditar em teorias conspirativas.

Helena Araújo disse...

Rita Martins,
sobre a pouca base de sustentação das teorias conspirativas ligadas ao 11 de setembro já há muita literatura. Li uma ou outra coisa, e pareceu-me convincente. Resumidamente, os autores dessas teorias fazem questão de empolar determinados factos - alguns deles óbvias mentiras ou invenções - ignorando todos os factos que não cabem nas suas teorias e também os que rebatem as suas afirmações.
Isto é um bocado como a discussão sobre se a terra gira à volta do sol. Basta abrir os olhos e ter um mínimo de inteligência para ver que é o sol que gira à volta da terra. Plana, por sinal.

Helena Araújo disse...

E esqueci-me do Reichstag: é visitado todos os dias por milhares de turistas. É verdade que as pessoas são revistadas à entrada. Mas será assim tão seguro? Sem pensar muito, podia dizer duas ou três maneiras de semear o terror na cúpula do Reichstag, sem precisar de pistolas nem bombas - mas é melhor ficarmos assim.