Segunda-feira de manhã é dia de visita obrigatória ao ginásio, para tirar do corpinho os excessos do fim-de-semana.
O problema é que, nem sei bem porquê, de momento os meus músculos não estão muito predispostos a colaborar. Nada de power yoga e hatha yoga. Muito menos step ou bodyshape.
Olhei para o quadro dos cursos, e sobrava qi gong, um curso com uma descrição enigmática: exercícios fluidos para optimizar a circulação da energia vital.
Suspirei, fiz uma careta discreta, e fui.
Começámos por respirar profundamente, levantando e baixando os braços conforme inspirávamos ou expirávamos. Nada mau, pareceu-me.
Depois pusemo-nos a agitar a energia, subindo-a do umbigo para o coração e baixando-a de novo para o umbigo. Não te rias, pensei.
Daí a nada estava a andar em círculo, respirando com convicção, enquanto puxava com as mãos a energia que estava atrás de mim e a lançava para a frente. Sozinha até não estaria mal, mas via aquele gordinho a resfolegar à minha frente, e sentia na nuca o bafo da energética que me seguia, o que me desconcentrava um bocado.
Volta e meia parávamos com os olhos fechados, para sentir melhor o nosso chi, que eu - especialista em tirar pelo sentido - facilmente traduzi: tonturas.
Quase no fim, limpámos o pó aos chakras todos. O da comunicação correu-me mal: desconfio que vem por aí mais uma infecção de garganta.
Finalmente, juntámos a nossa energia mais positiva e bem-intencionada entre as mãos, rodámo-la para que ganhasse mais força, e lançámo-la para o mundo - a professora diz que é assim que se promove a paz, e eu por acaso desta vez até estava capaz de acreditar.
No vestíbulo, enquanto calçava os sapatos, ouvi alguns participantes discutir se os chakras devem fazer parte do qi gong. Alguém dizia que sim, porque estão intimamente ligados à corrente de energia. Ele há gente que tem pós-graduações em matérias que eu nem sabia que existiam...
Em todo o caso: saí de lá cheia de energia limpa para me atirar a um trabalho que tenho andado a adiar há três quinze dias. Nem sei porque é que estou a contar isto em vez de o ir fazer.
E na próxima segunda-feira lá estarei de novo: a puxar energia de trás para a frente, a promover a paz mundial, e a bufar como um cavalo cansado.
Só tenho de ter cuidado para não comer feijões no domingo, que aquela cambalhota para trás, para massajar a coluna, é incompatível com certos estados intestinais.
3 comentários:
Não aprecio as teorias que costumam acompanhar os exercícios asiáticos em geral. Contudo, como práticas, parecem-me muito boas. Esse qi gong é aparentado do tai chi e costumo definir esses exercícios dizendo que é como se uma pessoa se estivesse a espreguiçar mas com imensa elegância.
Nao me digas que foste começar a escolher fotografias de Weimar?
PS: Isto se fores a Helena. Algumas das piadas parecia, mas nao me escapou que neste post do ginásio nao havia nem uma divindade menor para amostra.
jj.amarante: sim, sim, espreguiçar. A parte da elegância é que não combina muito bem com o tal resfolegar...
Rita,
eu sou a verdadeira Helena. A outra, a que prometeu não sei quê sobre Weimar, essa aí não sei onde se meteu...
Vou já à procura dela, limpo-lhe os chakras que vai ver um vê se te avias!
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