25 outubro 2010

descobri um belo de um blogue

...quer dizer, já sabia que existia, mas entre uma coisa e outra fui adiando a visita. Que foi hoje, e fiquei cliente.
E agora, vá, por favor, não se riam de mim.

- Ó Helena, parece impossível, o Horas Extraordinárias só agora?!
Mas esse é um daqueles blogues que pedem que uma pessoa faça um bocadinho de horas extraordinárias só para os ler! E logo pela manhãzinha: levantas-te cinco minutos mais cedo, lês, já o dia te começou bem, ó Helena!

- Está bem, que querem, aqui estou eu a dar a mão à palmatória. Querem que me apresente também de corda ao pescoço, como o outro? Desculpem, pronto, vá.

***

Pois lá ia eu toda lançada pelo blogue adiante, até que cheguei a este post onde a autora pergunta:
Disse-me recentemente alguém (...) que, mesmo que estejamos sempre a ler desde pequenos, nunca, no tempo normal de uma vida, conseguiremos ultrapassar os três mil títulos. Não sei se haverá três mil livros imprescindíveis, claro, mas... como terão então feito aqueles que se gabam de ter mais de vinte mil volumes nas suas bibliotecas?

Ora, a essa pergunta sei eu responder: essas pessoas têm criadagem para as ajudar a aviar a biblioteca a eito!
(hihihi)

7 comentários:

Ant.º das Neves Castanho disse...

Não concordo, Helena. Na minha modestíssima opinião, essa pergunta é antes de mais um magnífico exemplo de uma atitude "básica" (e hoje em dia muito comum entre a classe dos chamados "quase-intelectuais") a que muito própriamente se chama, desde que o Português e os saloios foram inventados, "esperteza saloia", a qual consiste no facto de alguém, semi-informado sobre algo e possuído de um grande convencimento de si próprio e do seu pretenso saber, encontrar uma aparente contradição num (aparente) facto "indesmentível" e zás, toca de descobrir a pólvora negra sem fumo, fazer logo um proto-teste definitivo e correr a bradar aos quatro ventos a sua espantosa descoberta, fruto da sua mui original, superlativa e, claro, luminosa inteligência!


Esta atitude "de básico", tão vulgar nos nossos jornais, televisões, rádios, "belogues" e, de um modo geral, em todos os meios alto-sociais e pseudo-intelectuais, francamente, até aborrece...


E prova, mais uma vez (se necessário ainda fosse...), a falta que faz a Matemática, o Cálculo de Probabilidades e, genéricamente, o pensamento quantitativo nos "curricula" (mesmo que só do Secundário!) de quem estudou Humanidades: é que dispor de vinte mil volumes numa Biblioteca pessoal não significa forçosamente que se leram todos (com ou sem "ajuda"...), mas APENAS que se poderá ter lido (ou se pode ainda fácilmente vir a ler) qualquer um deles! Uma mera questão de possibilidades (estatísticas...), "portantos"... E neste "apenas", ah pois, está todo um Mundo de diferenças filosóficas...


Ai, que tanto se preocupa esta gente com a iliteracia e ninguém deita mão à terrível e galopante INUMERACIA, que tanto afecta os meninos e as donzelas de Letras...



(E HAJA PACHORRA TAMBÉM PARA ESTE MEU SERMÃO, MAS «ÁGUA MOLE...)

Helena Araújo disse...

Mas a pergunta continua pertinente: se só se pode ler 3.000, para que servem os outros 17.000?

Em todo o caso, deixa-me guardar este comentário bem guardado, que me vai dar muito jeito quando o meu marido me perguntar porque é que compro tantos livros que depois acabo por não ler...
Há-de ser ele a olhar para o meu saco da livraria, e eu logo a atirar-lhe: não percebes nada de matemática nem de filosofia, ó, até o nossa amigo A. Castanho já reparou!
;-)

Ant.º das Neves Castanho disse...

Pertinente?? Ó Helena (mas tu és loira? Ou estudasteS Letras?)! Seja qual for o tal limite humano, digamos que seja x, uma coisa é ter à disposição os mesmos x objectos, outra bem diferente é ter à disposição, para escolher esses x, 20/3 de x vezes mais escolha (neste caso concreto dos livros)!!!


É assim como eu pagar para ter duzentos canais na tv, mas apenas ter possibilidade, por ora, para ver três ou quatro. Ok, mas são três ou quatro SELECCIONADOS de entre duzentos, não de... três ou quatro! Certo? E com esta é que tu arrumas o Joaquim, ainda mesmo antes de chegares à caixa da Livraria!...

susskind disse...

Ola' Helena,

mas o erro e' evidente: mesmo que so' tenhamos tempo de ler NA TOTALIDADE 3,000 livros talvez consigamos ler parcialmente (folheando, vendo os bonecos, uns capitulos ... etc etc) muitos mais. Na pratica o que e' ler um livro? Isso nao esta' la' muito bem definido ... Olha por exemplo se eu nao tenho tempo de ler o jornal todo por que razao nao compro apenas as paginas 'a medida que vou lendo? (um belo argumento em favor da net contra o papel, nao e?)

E quem te disse que quem tem 30,000 livros na biblioteca vive sozinho? A mulher/marido, os filhos, os sobrinhos, a avo', os netos, os amigos ... .nao contam? ;-)

Miguel

Helena Araújo disse...

Ninguém me compreende! Sou uma pobre desgraçada infeliz.
Eu toda contentinha com a piada que tinha inventado (contratar criadagem para ler os livros para os quais uma pessoa não tem tempo) e os meus comentadores a apelar para a matemática e mais para a metafísica da biblioteca familiar.
Sou uma incompreendida, é o que eu sou.

Então, vá: comprem os livros que vos apetecer, leiam-nos como muito bem vos apetecer, mandem-nos encadernar a couro numa cor que dê bem com as paredes da sala - tudo o que quiserem. Mas façam-me o favor de dizer "boa gracinha, Helena, inventas mais destas?"
;-)

E contudomente... de 3.000 para 20.000 vai muito livro. Deve ser uma biblioteca de família numerosa.

Rita Maria disse...

Entao, desististe? Agora que eu vinha entregar o currículo?

Helena Araújo disse...

Tens a certeza que queres, Rita?
Olha que eu pago mal!
Aliás, eu uso um truque que mais ninguém conhece: empresto.
Sabes aquela biografia muito boa, o Orientalista? Já o emprestei duas vezes, e ainda não li. Está a ficar com a lombada gasta, faz muito boa figura na minha estante. Hehehe...