03 setembro 2010

update para os amigos

A quem interessar possa, especialmente aos que sabem que concorri a um emprego e querem saber como correu:

1. Encontrei um emprego que me parecia ser o ideal para mim: dar água sem caneco na internet, e ganhar dinheiro com isso. Concorri.

2. Telefonaram-me a dizer que estavam fascinados com o meu currículo, mas que lhes parecia que é bom demais para aquele trabalho. Disse-lhes logo que não, que os tinha enganado muito bem enganados. Marcámos uma entrevista.

3. Preparei-me. Como se fosse caloira nestas lides, pesquisei aquelas páginas de conselhos na internet sobre como se preparar para uma entrevista, linguagem corporal, perguntas difíceis, e essas coisas. Só encontrei lapalissades. Optei por ir fazer meditação transcendental para o cabeleireiro. A cabeleireira perguntou-me "hoje vai fazer alguma coisa especial?" e eu disse "vou tentar arranjar um emprego novo" e ela perguntou "não está nervosa?" e eu respondi "não mais que os entrevistadores" e ela contou "nessas entrevistas, eu morro de medo de dizer alguma coisa errada" e eu retorqui "a única coisa que me interessa é mostrar como sou". Ora, grande mentira que lhe contei, porque de facto estava era preocupada com o que iria vestir, porque os donos da empresa aparecem na homepage sem gravata. Pelo seguro, disfarcei-me de senhora. Pus-me a caminho.

4. Perdi o post-it onde tinha escrito o número da porta. Do carro, telefonei para a empresa a perguntar o número (ai! se o pessoal dos conselhos sobre como fazer entrevistas souber disto...). Apesar de ser no centríssimo de Berlim, encontrei logo lugar de estacionamento (se isto não é uma dupla prova da existência de Deus e do seu infinito amor por mim...) mas não conseguia encontrar a porta da empresa. Pus-me a ler os nomes em todas as campainhas dos vários pátios do complexo. Encontrei, entrei. No elevador tentei desesperadamente verificar se o post-it não se teria colado às minhas costas. Aparentemente, não.

5. Os rapazes eram simpáticos. E bem mais que isso: pertencem a uma nova geração de empresários, gente do software e da web 2.0, inteligentes e suficientemente loucos para ousarem. O tipo de pessoa capaz de imaginar um e-bay, um google, um facebook ou um skype - e deitar mãos à obra. Ao fim de vinte minutos começámos a tratar-nos por tu, e eu feliz da vida, porque detesto tratar por você pessoas com quem simpatizo - excepto quando são bem mais velhos que eu. Eles em calças de ganga e mangas de camisa, eu irremediavelmente overdressed no meu fato de uma famosa designer berlinense.
6. O trabalho não é bem como eu pensava, mas tipo "chefe de redacção online", sendo que eu escolheria os conteúdos e os colaboradores.

7. O único problema(zinho): é para o Brasil. Embora isso não chegue a ser problema, porque já temos o acordo ortográfico. Hihihi, não podia deixar de meter esta piadinha. Pronto, agora a sério: não chega a ser problema porque não sou eu quem escreve os textos.

8. Agora vão entrevistar os outros dois candidatos, e na próxima terça-feira decidem.
A ver vamos se na próxima terça-feira Deus ainda existe e ainda gosta de mim.

9. Ao chegar a casa encontrei o post-it no chão, e os filhos muito curiosos: correu bem? correu bem?
(devem estar mortinhos para que eu arranje um emprego fora de casa, para lhes desamparar a loja)

***

Pequena explicação para quem não me conhece, já que neste post brinco com isso: o Deus em que acredito não anda comigo ao colo. Não me arranja lugares de estacionamento nem empregos. Como diz um amigo meu: é bom, mas não é bombeiro.

9 comentários:

Cristina Torrão disse...

Boa sorte ;)

Helena Araújo disse...

Obrigada! Quanto mais passa o tempo, mais acho que vou precisar...

Ana Paula disse...

Boa sorte, Helena! Mas talvez fosse preferível que fosses paga para fazeres estes "dois dedos de conversa"...É que com um emprego na área, não sei se continuarás a ter vontade/tempo de nos dar corda...
Paula Coutinho

Gi disse...

Também lhe desejo boa sorte, Helena.

antuérpia disse...

Qual quê?!! Já é teu! E olha que eu acerto nestas coisas. Já me devem muitos lanches à conta disso. apostamos um lanche? :)) bjss

Helena Araújo disse...

Ana Paula: obrigada! E não te preocupes, vai sobrar para todos. Enfim, deixa-me usar o tempo verbal mais adequado às minhas dúvidas: ia sobrar para todos.
De momento pesa-me tudo o que não disse e devia ter dito, e vice-versa: o que disse e não devia ter dito. Esta minha boca grande!
E essa tua boca grande, também: na próxima terça-feira, se se verificar que Deus ou não existe ou está a olhar para outro lado, sou bem capaz de repescar essa tua ideia e abrir aqui uma colecta... ;-)

Gi,
obrigada.

Antuérpia,
no estado de dúvida a que cheguei, aposto o que quiseres. O lanche até pode ser aqui no café/restaurante no topo do Reichstag.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Então muita sorte para hoje!

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(Regressámos já à rotina, em Lisboa, mas com muitas saudades deste esplêndido Agosto...)

Paulo disse...

E então? News?...

Helena Araújo disse...

A.Castanho: obrigada!
Então tiveram boas férias, ao que parece. Ainda bem!

Paulo: tiraste-me as palavras da boca. Tenho passado o dia a pensar isso mesmo.