É pena não perceber alemão, António, porque a reportagem era interessante: as famílias alemãs estão a "fugir" de Wedding, porque há lá escolas onde chega a haver 90% de alunos provenientes de famílias de imigrantes - escolas onde se fala muito mal alemão. A directora de uma escola primária criou uma turma com "garantia de alemão", só para crianças que façam prova de ter um nível adequado. Na reportagem entrevistam um pai turco a dizer que está muito satisfeito com essa possibilidade, para a filha dele ter acesso a um bom ensino. Uma pessoa pensa "eh, lá, que elitismo", e tal, mas depois cai em si e apercebe-se que é uma medida realista para manter famílias alemãs na zona e para dar uma oportunidade de escolaridade "normal" aos miúdos cujas famílias apostam na integração. Este ano é apenas uma turma, pode ser que no próximo ano já sejam três ou quatro. E o problema não se põe só em relação aos turcos. Uma amiga minha, que foi directora de uma escola primária católica, conta que o grande problema que tinham era com os miúdos polacos. Os pais vêm trabalhar para Berlim e deixam os filhos na Polónia, a ser criados pela avó. Para não perderem o abono de família, vão à Polónia buscar os miúdos quando chega a altura de os meter na escola primária. Miúdos que não falam uma palavra de alemão, que foram arrancados ao seu meio ambiente, e que colocam problemas graves ao rendimento da turma.
A mim o que me preocupou na reportagem foi que parecia nao haver especial preocupaçao em trabalhar o alemao das outras turmas de forma mais intensiva de forma a que, no ano seguinte, pudessem funcionar da mesma maneira. Também podiam começar um ano antes, como começam na Escola Alema.
Eu ainda acho este caminho possível, mas apenas como processo intermédio. E parece-me que o estao a usar demasiado como final.
Tens razão quanto a esta reportagem. Também pensei nisso. Mas depois fixei-me nas partes positivas que eles estavam a focar: uma maneira de evitar a guetização de certos bairros, mantendo lá as famílias alemãs; e mostrar um pai estrangeiro realmente interessado em integrar a sua filha nesta sociedade. Nos tempos sarrazinescos que correm, é fundamental darem visibilidade a estas pessoas.
Independentemente desta reportagem, tenho a sensação que se fala muito em maneiras de preparar melhor os filhos dos estrangeiros. Discute-se a obrigatoriedade da pré-escola, aulas suplementares de alemão, e até a aposta em professores provenientes eles próprios de famílias de imigrantes, para que estes miúdos se sintam mais enquadrados e vejam neles uma perspectiva e um exemplo.
5 comentários:
Uma ternura.
Obrigado Helena... e não percebo nada de alemão.
É pena não perceber alemão, António, porque a reportagem era interessante: as famílias alemãs estão a "fugir" de Wedding, porque há lá escolas onde chega a haver 90% de alunos provenientes de famílias de imigrantes - escolas onde se fala muito mal alemão. A directora de uma escola primária criou uma turma com "garantia de alemão", só para crianças que façam prova de ter um nível adequado. Na reportagem entrevistam um pai turco a dizer que está muito satisfeito com essa possibilidade, para a filha dele ter acesso a um bom ensino.
Uma pessoa pensa "eh, lá, que elitismo", e tal, mas depois cai em si e apercebe-se que é uma medida realista para manter famílias alemãs na zona e para dar uma oportunidade de escolaridade "normal" aos miúdos cujas famílias apostam na integração. Este ano é apenas uma turma, pode ser que no próximo ano já sejam três ou quatro.
E o problema não se põe só em relação aos turcos. Uma amiga minha, que foi directora de uma escola primária católica, conta que o grande problema que tinham era com os miúdos polacos. Os pais vêm trabalhar para Berlim e deixam os filhos na Polónia, a ser criados pela avó. Para não perderem o abono de família, vão à Polónia buscar os miúdos quando chega a altura de os meter na escola primária. Miúdos que não falam uma palavra de alemão, que foram arrancados ao seu meio ambiente, e que colocam problemas graves ao rendimento da turma.
A mim o que me preocupou na reportagem foi que parecia nao haver especial preocupaçao em trabalhar o alemao das outras turmas de forma mais intensiva de forma a que, no ano seguinte, pudessem funcionar da mesma maneira. Também podiam começar um ano antes, como começam na Escola Alema.
Eu ainda acho este caminho possível, mas apenas como processo intermédio. E parece-me que o estao a usar demasiado como final.
Tens razão quanto a esta reportagem. Também pensei nisso.
Mas depois fixei-me nas partes positivas que eles estavam a focar: uma maneira de evitar a guetização de certos bairros, mantendo lá as famílias alemãs; e mostrar um pai estrangeiro realmente interessado em integrar a sua filha nesta sociedade. Nos tempos sarrazinescos que correm, é fundamental darem visibilidade a estas pessoas.
Independentemente desta reportagem, tenho a sensação que se fala muito em maneiras de preparar melhor os filhos dos estrangeiros. Discute-se a obrigatoriedade da pré-escola, aulas suplementares de alemão, e até a aposta em professores provenientes eles próprios de famílias de imigrantes, para que estes miúdos se sintam mais enquadrados e vejam neles uma perspectiva e um exemplo.
Sim, mas fala-se, fala-se, fala-se...leste a reportagem de capa da última Zitty? Deixou-me tristíssima.
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