Quanto mais penso nisso, mais os protestos contra a expulsão dos ciganos me soam a oco.
Fica bem protestar contra estas expulsões, claro.
Façamos como a Mafalda, toca a subir para o banquinho da sala e a protestar, alto e bom som no meio da sala, para que conste. Toca a unir as nossas vozes às dos outros "simpáticos inoperantes".
Não iremos longe, porque o direito de livre movimentação dentro da UE pressupõe que quem vai para outro país tem lá emprego:
For stays for up to three months, the only condition is to have a valid passport or identity card. No entry visas, employment or sufficient resources can be required.EU citizens staying for more than three months must be economically active (i.e. they must work or be self-employed) or have sufficient resources not to become a burden on the social assistance system and have comprehensive sickness insurance cover (Article 7). EU citizens can be removed from the host country if after three months the EU citizen does not meet the above conditions on economic resources and health insurance.
After residing in the country for a continuous period of five years, EU citizens become permanent residents and are free from meeting any conditions.
(de um comunicado da Comissão Europeia)
Nem outra regra seria de esperar, porque não se imagina que todos os desempregados da Europa se instalem livremente no país que tem a melhor Assistência Social e o melhor SNS gratuito.
Voltando ao essencial: existe na Europa um povo destinado à condição de pária, metido num beco sem saída. Invisível para os nossos olhos, excepto quando alguns deles nos incomodam.
O Tratado de Lisboa permite iniciativas dos cidadãos. É possível, se juntarmos as assinaturas necessárias, levar um assunto à Comissão Europeia.
Então, de que estamos à espera para propor a criação de uma comissão especial para os ciganos europeus? Para definir com eles perspectivas dignas de existência e coexistência em todo o espaço europeu, para criar um programa supranacional dotado de fundos suficientes?
Já se vai fazendo muito, é verdade. Mas podíamos ousar mais. Por exemplo: estes 10 a 12 milhões de romanis devem/querem ser integrados no país onde residem, ou deveria ser criado um 28º Estado membro, um Estado sem fronteiras? Devem-se criar quotas nacionais para a sua redistribuição (voluntária, obviamente), em vez de se verem obrigados a permanecer como os mais pobres dos países mais pobres? Pode haver na Europa um povo de nómadas? (imagino, romanticamente e sem pensar muito, o renascimento das rotas comerciais antigas, comerciantes que levam produtos regionais de uma ponta do continente até à outra)
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Se houvesse um Nobel para revolucionárias de sofá, tinha de começar a pensar em comprar uma roupinha jeitosa para o ir receber...
4 comentários:
Já há fundos, programas e comissoes que cheguem Helena, uma delas em teoria a trabalhar há cinco anos. E depois? O resto, inclusive esse comunicado, tenho de comentar noutro dia e com mais tempo, mas a coisa parece-me muito mais complicada do que isso.
não me digas que é mais um ovo de colombo que alguém descobriu antes de mim?!
e falas tu do Murphy!
Se estão ilegais voltam para o seu país, sejam ciganos ou não, é claro e simples e correcto. Ainda recentemente vieram repatriados portugueses ilegais no Canadá. Pode ser triste mas todo o jogo tem regras.
Em princípio tem razão, Cat, mas: quem definiu as regras e os jogadores?
O que está a acontecer (e de modo legal) é que a Europa rica se está a proteger de ser invadida por grupos pobres. Do mesmo modo que reenvia para África as pessoas que aqui chegam em barcos precários, com a diferença de os ciganos já serem europeus.
Repatriá-los é uma medida lógica, legal, isso tudo, mas há aqui um problema estrutural grave que é preciso resolver urgentemente
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