01 julho 2010

que nos cortem o pão, ainda vá...

...mas cortar no circo, Eduardo, no circo?...

Vem isto a propósito do post no blogue Da Literatura sobre o orçamento da Casa da Música. Dez milhões, ou 9,5 depois do corte.

Havendo 10 milhões de portugueses, a Casa da Música custa anualmente um euro a cada um deles.
Não faria absolutamente nenhuma diferença para o preço dos transportes públicos, dos medicamentos, etc., se o orçamento da Casa da Música fosse reduzido a zero.
Em compensação, faria imensa diferença para Portugal e em especial para o seu Norte se não houvesse uma Casa da Música. Ou se o edifício se especializasse em programas medíocres.

Do ponto de vista do futuro de um povo, a Educação e a Cultura deviam ser como a orquestra do Titanic: a última a saltar do barco. Do ponto de vista da economia portuguesa, oferta cultural de excelente qualidade é condição indispensável para atrair turistas mais exigentes, que é como quem diz: com a carteira mais recheada.
Por uma vez sem exemplo, sei do que estou a falar (enfim, pelo menos até a Rita aparecer por aí a dizer que não é bem assim): a cidade onde moro, Berlim, está completamente falida. Mas para o circo cultural há sempre dinheiro, e os resultados estão à vista, em forma de hotéis completamente cheios e todos os etc. que lhes estão associados.

9 comentários:

Paulo disse...

Tinha acabado de ficar boquiaberto com a opinião do Eduardo Pitta e eis que venho aqui confirmar que não sou o único.

Helena Araújo disse...

Ai! Será que contraímos telepatia?

(lembras-te dessa tira da Mafalda?)

Gi disse...

Helena, até a Rita dizer o contrário ;-) ;-) ;-) eu acho que tem toda a razão.

Helena Araújo disse...

Gi,
A nossa sorte é a Rita andar assoberbada de trabalho...
;-)

Rita Maria disse...

Eu, assoberbada de trabalho, concordo a 100%. Mas também conheço os Pittas daqui e já defendi as nossas 3 óperas a muito alemao daqueles que acham que três óperas é como dois portoes de Brandenburgo (:)) ou dois Reichstag (:)) - os exemplos sao a tua porta para as piadas :)

PS: Final statement: Na dúvida, sempre que ausente e assoberbada de trabalho, eu concordo com a Helena. Ou com a minha mae.

Helena Araújo disse...

Gi:
escapámos desta!
:-)

Rita,
essa das duas portas de Brandemburgo até me lembra o meu filho: "ó mãe, porque é que me compraste uma t-shirt? Já tinha uma!"
(estou a exagerar um bocado, mas o rapaz é assim minimalista e poupado)

E depois, há a vantagem da concorrência. O que cada uma dessas casas faz para atrair o público representa uma enorme mais-valia para a cidade. O que por ali vai de criatividade e de disponibilidade para coisas novas! (especialmente a Filarmónica, que é exemplar)
Cuidado comigo, estou quase a sugerir construírem mais uma Casa da Música no Porto...
;-)

Gi disse...

Helena e Rita, uff, que alívio :-)

Pois aqui o meu medo é que, não havendo dinheiro para umas boas temporadas de ópera e concertos, se desvie o que há, como é costume, para o betão :-(

Rita Maria disse...

Ah, pois, portoes de Brandemburgo, em Português, que tonta, nao basta por o "o" no fim...(mas percebeste a piada? de existirem dois portoes e terem existido dois Reichstags?)

Helena Araújo disse...

Rita, ja me conheces: ri-me, mas nao tenho a certeza de estar a rir exactamente da piada que querias dizer...