17 junho 2010

"norte-coreanos"

Como não temos outros problemas (onde será que fui buscar este belo argumento?) entretemo-nos no facebook com este filme, no qual um grupo de alegados norte-coreanos rejubila às ordens de um maestro, perante as câmaras.
Mas afinal qual é o problema de um grupo de eventuais actores fazer fitas para as câmaras antes do início do jogo? Não me digam que acham que fenómenos de publicidade e criação deliberada de uma imagem não atravessam a fronteira das Coreias? (e nem sei dizer de que lado para que lado...)

Confesso que, da primeira vez que vi o filme, imaginei que estariam a treinar para saber estar em estádio à maneira ocidental. É que nunca se sabe como é que cada povo exprime a sua satisfação durante o jogo. Quem, como eu, já viu uma brasileira a saltar para cima de uma mesa ao lado do écran gigante, e levantar a t-shirt, virada para o público, só para festejar um golo, acredita em tudo e em muito mais. E é óbvio que a Coreia do Norte tem uma imagem a defender, que convém acertar e polir antes do início do jogo (quem nunca combinou participar em grupo num evento público exibindo determinados trajes ou comportamentos, que atire a primeira pedra). Mas depois reparei melhor no estádio vazio, e nas câmaras em frente a este grupo.

Se nos vamos incomodar com isto, e tirar conclusões sobre as condições de vida na Coreia do Norte, vamos ter de nos incomodar muitas mais vezes e tirar muitas mais conclusões sobre as condições de vida em todos os países do mundo. Quem é que permanece normal perante uma câmara de TV?

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Esta pequena agitação internética lembra-me uma teoria que li algures, há já não sei quanto tempo, sobre a nossa sociedade da informação: nós não andamos informados - andamos em estado de permanente semi-excitação devido a pseudo-escândalos.

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