16 junho 2010

cala boca Galvão!



O caso é simples, como conta o El País: twitteiros do Brasil começaram a twittar "cala boca Galvão", e fizeram-no com tanto empenho que num ápice a frase se tornou famosa.
Twitteiros do resto do mundo começaram a interrogar-se sobre o que isso queria dizer.
E aí, foi o disparate total: desde o filme acima, preparado a toda a velocidade, até ao boato que seria o novo vídeo da Lady Gaga, passando pelo Paulo Coelho a afirmar que se trata de um medicamento homeopático, o silentium galvanus.

Nada disso: era apenas um movimento de protesto contra o comentador brasileiro do mundial de futebol, Galvão Bueno.

Entretanto, já há um Galvao Bird's Foundation, e até o New York Times escreve sobre o caso.


Se eu fosse o Galvão Bueno, metia-me debaixo da cama e só saía de lá com nome falso e barba postiça.
Os desenvolvimentos do caso são divertidos, sem dúvida. Contudo, será que a algum destes twitteiros ocorreu que por trás do nome "Galvão" há uma pessoa de carne e osso e sentimentos? É o que me incomoda nesta história. Até estava a pensar criar um grupo no Facebook, algo como "estamos com o Galvão!" ou "Deixa-os twittar, Galvão, que quem muito twitta pouco acerta", mas informaram-me que afinal não é preciso. O Galvão Bueno leva o caso com humor, e até conta uma história lembrando o Ayrton Senna, que deve estar farto de rir.
Valente Galvão! Consegue cavalgar a onda da internet.

E no entanto...
...que mundo é este, onde é possível que uma multidão passe com toda a facilidade frases pouco abonatórias sobre uma pessoa concreta, e essa cadeia num instante atinja um nível global?
Para finalizar, o detalhe do erro gramatical: que mundo é este, onde é possível que uma multidão passe com toda a facilidade frases com erros gramaticais...?


***

Este post foi feito with a little help from my friends, brasileiros. Quando eu nem sabia ainda da história, já eles me estavam a explicar a sua desconstrução.

2 comentários:

Ant.º das Neves Castanho disse...

Se a "internet" já era amalucada, esta cena das "redes sociais" é mesmo demencial! Daqui por pouco tempo estará totalmente descredibilizada e, pior do que isso, fora de moda (fatal, como o destino...).

Helena Araújo disse...

Ai, que o destino já foi mais fatal...

Não sei se estas redes sociais vão desaparecer assim depressa. Talvez evoluam, mas desaparecer... não, não me parece.

No ano passado, ainda eu mal sabia o que era o twitter, já uma "public relations" de uma firma de software em Silicon Valley dizia que tinha mais de 30.000 seguidores e que isso era óptimo para os informar sobre inovações no software da sua empresa.

Além disso, estas ferramentas são óptimas para substituir a conversinha de café. A gente manda umas bocas, e depois vai à vida.