Do relato de uma irmã de Schiller:
"Por aquela época, o duque começou a acalentar a ideia de criar junto ao seu palácio Solitude um centro de formação para os filhos dos oficiais e soldados, e pediu aos professores referências sobre o talento e as qualidades de trabalho do alunos. Entre os escolhidos estava também o meu irmão, pelo que foi o meu pai chamado à presença do duque, tendo-lhe este revelado as suas intenções e sugerido que enviasse o filho para aquela escola.
Ao que o pai retorquiu que desde muito novo o filho revelara inclinação para o sacerdócio, com o que ele, pai, concordava, e caso lhe fosse possível naquele instituto continuar e aprofundar esses estudos, a aceitação do filho na dita escola seria para ele uma benção.
Em resposta, o duque afirmou que essa possibilidade não estava prevista, mas que o seu filho poderia escolher outra ciência. Ao que se seguiu uma longa pausa - o meu irmão não queria estudar ciências, o pai também não, mas o duque exigia uma resposta, e após muita resistência acabou por escolher a Matemática, em relação à qual não sentia a mínima atracção, e apenas por consideração ao pai (que estava directamente às ordens do duque, como oficial, e temia enfurecê-lo) cedeu e se entregou a esta ciência com toda a força do seu espírito, tal como lhe era habitual."
A 16 de janeiro de 1773, Friedrich Schiller entrou na Hohe Carlsschule de Solitude.
(...)
A sua entrada nesta escola (...), inevitável para a família, teve tanto de benção como de maldição. Benção, porque a família não tinha qualquer espécie de despesas com ensino, alimentação e vestuário do filho, além de estar numa escola com professores de excelente fama. Maldição, porque se dissipou o sonho que toda a família acalentava de ver um dia Friedrich clérigo, pois que o rapaz foi afastado do seio familiar e lhe foi criada uma situação de dependência para toda a vida, de se "entregar inteiramente ao serviço da Casa Ducal de Wurttemberg, e apenas mediante indulgente autorização desta se poder retirar". A recusa de corresponder ao desejo do duque, de fazer ingressar neste instituto elitário um aluno tão dotado, teria tido como inultrapassável consequência para Johann Caspar Schiller e a sua família a perda das boas graças do duque. Por isso, havia que sujeitar-se.
(do livro "Schillers Schwester Christophine", de Annette Seemann)
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A partir desta descrição, a expressão "morder a mão que nos dá de comer" muda inteiramente de sentido.
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