20 janeiro 2010

projecto de vento em popa...

O Joachim queixa-se que um dos meus maiores problemas é que saio para comprar um triciclo e regresso com um Porsche.
Eu digo-lhe que não é um problema, é uma vantagem: flexibilidade e sentido de oportunidade.


Saio para comprar um triciclo, e dou-me conta que estão a vender uma bicicleta praticamente pelo mesmo preço. Mas se der um pouquinho mais, posso comprar uma motorizada. Daí ao carro económico, é um saltinho. Etc. etc., até que aparece aquele Porsche fantástico em segunda mão e...


...e foi assim que eu, que andava à procura de um sotão velho e barato, encontrei isto:



Mesmo ao lado das escolas dos miúdos vão fazer apartamentos em dois edifícios históricos, duas torres circulares bicentenárias, que eram depósitos de água.
Admito que por estar completamente nas lonas, a cidade não aproveitou para transformar as duas torres em museus tipo Guggenheim de Nova Iorque (também é verdade que numa cidade onde já há mais de 150 museus, não faz propriamente muita falta criar mais dois). E pelo mesmo motivo, até aceitou que sejam abertas janelas nas torres e - cúmulo dos cúmulos! os vereadores dos partidos de esquerda não acharam graça nenhuma à ideia! - sejam construídas duas torres ao lado, com elevador, escadas, varandas e galerias de 10 m para acesso aos apartamentos.



De modo que aí está o meu Porsche em segunda mão.
De facto, um apartamento destes já pagava um terço do Bugatti que estão a mostrar na Friedrichstraße.
Mas quem precisa de um terço de um Bugatti, se tem uma planta assim pateta, com aquela fixação em ângulos rectos?
(será que recto agora se escreve reto? ai a língua portuguesa...)

Em suma: não vamos comprar porque está cheia de defeitos - a varanda virada a Norte, demasiado espaço perdido com corredores, demasiados zeros no preço, e além do mais estão muito verdes.
Só os cães as podem tragar.

4 comentários:

Unknown disse...

O que ele diria se indo comprar uma casa, comprasses uma montanha: http://obviousmag.org/archives/2009/11/the_berg_a_maior_montanha_artificial_do_mundo.html

Já está pronta? Já vês da tua berlinense janela?
Um abraço extensível à família,
Ant.Armando (não sei se este comentário deveria ficar no post anterior...)

Helena Araújo disse...

Olá!
Bons olhos te leiam!
Não, essa ainda não está pronta. Mas lembras bem: se esperar um bocadinho, em vez de uma "casa qualquer" compro um chalet de montanha - fica ao lado do trabalho do Joachim, no inverno até pode ir de esquis para o trabalho.
Essa ideia deve ser mesmo uma maluquice berlinense. Quer dizer: os apoiantes serão uns brincalhões. Se penso na gasolina que seria precisa para trazer essa terra toda para o centro da cidade, e de como ficaria a paisagem lá de onde tirassem a terra...
Mas já cá temos uma montanha semelhante. Fica ao pé das escolas dos miúdos, e foi feita com as ruínas da guerra. Um sítio fantástico para soltar papagaios de papel no verão, ou brincar com trenós no inverno. Ah, e para fazer paragliding.
No centro da cidade, ao pé do Tempelhof, também tem uma colinazita que aumentou um pouco o tamanho depois da guerra. Para algum sítio haviam de atirar o que sobrou das casas.

D. Ester disse...

como a compreendo. comecei a ver casas e ao fim de uns meses disse ao meu consorte "olha, nesta casa é que seria feliz". Pois claro que sim minha querida, eu também. o unico problema é que custa meio milhão de euros. Pois.

Helena Araújo disse...

Olha, olha, outra com jeito para Porsches...
:-)

A dos meus sonhos, com 250 metros quadrados, num jardim enorme junto a um riozinho, no meio de Berlim, também custa isso.
Algo me diz que as casas berlinenses estão bem mais baratas que as lisboetas.