Para resolver os lamentáveis problemas de segurança de que se queixou recentemente
(eu sei que este post não vem propriamente em cima do acontecimento, mas aqui no Portugal profundo onde me encontro não há televisão e falta tempo para ler os jornais - isto a vida no campo é um stress que nem vos digo nem vos conto)
Cavaco Silva poderia demitir o pessoal da informática de Belém, e recorrer a índios navajo.
Já desenvolvo, mas antes disso deixem-me dizer o mais importante:
VIVA O PODER LOCAL! VIVA A REGIONALIZAÇÃO!
É que estou a escrever no computador da Junta de Freguesia, com acesso gratuito à internet. O que usei anteontem era muito lento, parecia puxado a carro de bois. O de hoje é muito barulhento, parece um aspirador americano. De modo que eu sou a favor de mais poder local e mais regionalização, que isto já está bastante bem mas podia melhorar substancialmente. No dia em que estas salas se encherem de computadores apple topo de gama, Portugal terá atingido o cume do auge da vivência democrática. Nem mais.
Como ia dizendo, Cavaco Silva poderia recorrer a índios navajo. Na segunda guerra mundial prestaram serviços inestimáveis aos USA, porque transmitiam as informações secretas no seu idioma que mais ninguém percebe, muito menos o inimigo. Até eles se darem conta do que estava a acontecer, já a guerra tinha terminado.
Mas se preferir recorrer a soluções nacionais, pode tentar com os mirandeses. Eles em começando a falar muito depressa, não há quem os entenda.
Uma outra hipótese, mais rebuscada, seria a estratégia "com a verdade me enganas". Contando com a colaboração de Alberto João Jardim para assuntos nacionais e a de Berlusconi para os internacionais, poderiam até enviar mensagens secretas em cartões postais (que, como toda a gente sabe, menos Cavaco Silva, são como e-mails, mas em suporte de papel), tendo apenas o cuidado de falar desbragadamente. Os espiões-escuta liam aquilo, pensavam "isto não pode ser verdade!", e tentavam decifrar a mensagem escondida sob aquelas palavras tão claras. Nunca mais faziam mais nada.
Contudo, melhor solução ainda seria uma presidência aberta. Se o presidente se visse obrigado a usar um computador de uma junta de freguesia, como eu, seria avisado de dois em dois minutos que os elementos que recebe ou envia podem ser redireccionados para terceiros. Não dura nem uma meia horita até uma pessoa começar a acreditar que a internet não é um lugar seguro. Este poder local é uma pedagogia, podem crer!
E depois, há o óbvio: ler os jornais. Ainda outro dia andavam a falar de o governo alemão querer possibilitar aos investigadores criminais a entrada nos computadores privados - o know-how existe, e de que maneira, o que falta é base legal.
E agora com licencinha, que a funcionária da junta tem de ir almoçar.
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