16 setembro 2009
um eléctrico chamado...
Um eléctrico chamado cable car com motor.
Melhor dizendo: um cable car que foi tirado dos trilhos e recebeu um motor para passear turistas pela cidade. Há várias companhias, mas nenhuma é tão boa como a Classic Cable Car.
Se isto parece publicidade descarada, é. Mas é por uma boa causa: a vossa.
Quem quiser passear por San Francisco com o melhor guia que conheço, deve contactar aquela empresa e reservar uma viagem com o Chris.
Na altura do dot-com boom, o Chris era impersonator. Ia de evento em evento na sua carrinha, que era um guarda-fatos ambulante. Nas portas de trás tinha à esquerda o Laurel e à direita o Hardy, talqualzinhos, e ambos eram ele a olhar com ar pomposo e brincalhão para o condutor que o seguia. Mas depois veio 2000, o pessoal do dot-com começou a passar mal - alguns deles vieram parar à rua, literalmente: em questão de semanas passaram do apartamento para a pensão barata, daí para o carro e num instante estavam a dormir na rua. De repente, nenhuma empresa estava interessada em contratar um impersonator para animar as festas. Fim da festa, o Chris teve de arranjar outro emprego.
Uma das últimas vezes que o Chris impersonou foi numa garage sale que fizemos, tentando vender a tralha toda antes de regressar à Europa. Combinámos uma festa de despedida com os amigos, no meio dos móveis e tarecos para vender, com bolos, café e vinho. O Chris veio também, era o inspector Columbo, e passou metade da festa a ask just one more question. Depois desistiu, porque estava um calor insuportável, tirou a gabardina e desatou a comer bolos à paisana.
A garage sale, agora que penso nisso, foi um fiasco. Por especial favor compraram-nos um banco stokke por 10 dólares, coisas assim. Em compensação, passámos uma tarde formidável com amigos e conhecidos. Um deles, completamente empanturrado de doçaria portuguesa, rematou: "da próxima vez, devias vender os bolos e oferecer os móveis".
Voltando ao cable car: este Verão fomos passear com o Chris pela cidade que tão bem conhecemos, apenas pelo prazer de o ouvir. Vale a pena, acreditem. Além de mostrar os bairros habituais dos turistas, leva-nos ao outro lado da Golden Gate Bridge. E conta piadas. E manda piadas aos turistas que leva. E sabe contar episódios da história da cidade de uma maneira engraçada. E larga o carro por aquelas ruas incrivelmente íngremes, gritando "ai os travões! ai os travões!"
Era Verão, o nevoeiro não nos falhou. As massas inacreditáveis de nevoeiro que avançam do mar para a baía e nem deixam ver a ponte.
Uma última nota: no regresso, a Christina fotografou um candeeiro da rua, perto de South Beach.
Uma das curiosidades de San Francisco é a iluminação das ruas. A forma dos candeeiros muda de bairro para bairro - há-os chineses, japoneses, italianos, mais modernos, mais antigos.
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