Estou desde segunda-feira completamente KO por causa de um vírus.
Uma das desvantagens de envelhecer (enfim, de ir ficando mais velha) é que estas coisas demoram cada vez mais tempo a passar. Que saudades da minha juventude, quando a gripe durava um dia!
Por causa das coisas, o Joachim perguntou-me onde quero ser sepultada. Porque nunca se sabe (oinc oinc, e assim).
Sim, boa pergunta: o que farão com o que sobrar de mim?
Não é que isso me preocupe muito - quem vier atrás que feche a porta. A única coisa que não me dava jeito era transformarem as minhas cinzas num diamante, já estou a imaginar os lamentos dos descendentes, "eu que tanto queria herdar a avó!" e "ai que desgraça, assaltaram a nossa casa e roubaram a avó!"
Dantes, quando as famílias ficavam num lugar por séculos e séculos, era fácil. Mas a minha família não fica em lugar algum nem sequer por meia década, quanto mais por séculos. Em que continente é que os meus filhos irão viver? Que ligação a Portugal lhes sobrará quando eu não estiver mais aqui? Admito que o Matthias continuará a fazer pastéis de nata nem que viva na Austrália, mas será que irá a Portugal? Em que cidade da Alemanha lançarão raízes?
Quanto mais penso nisso, mais me parece que - atenção, estou aqui a desvendar um nicho de mercado! - o ideal seria criar cemitérios globais em lugares de peregrinação. Fátima, Taizé.
Ou a Eurodisney, pronto.
No meu caso, estou indecisa. Se é para escolher um lugar ao qual a minha família regressa periodicamente e onde pode ancorar a memória, digamos assim, então hesito entre Taizé e algures na proximidade da autêntica fábrica de pastéis de Belém.
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