02 setembro 2009

apontamentos de viagem - de Young Memorial Museum (San Francisco)




O novo museu de Young é fascinante. Construído em 2004 para substituir o edifício anterior, que foi muito abalado pelo terramoto de Loma Prieta, é uma bela surpresa no meio do Golden Gate Park. Enquanto passeava pelo parque e pelo telhado da Academy of Sciences, mesmo em frente, não conseguia deixar de admirar os perfis diversos da torre em rotação sobre si própria, o ritmo das perfurações na fachada, ou o processo de mudança das cores no cobre - que confunde cada vez melhor o edifício com o seu parque.

Numa das entradas, um pormenor desconcertante: uma obra de arte de Andy Goldsworthy, a quem pediram algo que relacionasse o edifício com a cidade. Com quem eles se foram meter... O artista agarrou numa serra eléctrica, e avançou pelo pátio novinho em folha, abrindo uma fractura em ziguezague nas belas placas de pedra do chão, continuando pelos blocos enormes ali dispostos. A cidade deitou as mãos à cabeça, "ai o nosso rico museu!" - mas que outra coisa poderia a San Francisco dos terramotos esperar deste especialista do efémero?

Não é preciso pagar bilhete para subir à torre, de onde se tem uma magnífica vista da cidade, ou para passear nos jardins cheios de esculturas. Também se pode entrar livremente no café e restaurante, e apreciar a sua famosa oferta gastronómica.
Atenção, que esta informação é muito importante para os turistas de San Francisco: no restaurante do museu de Young encontram a melhor relação qualidade/preço de toda a cidade. E não é só a comida, delicioso resultado de muita criatividade e inovação no campo culinário - é também a preocupação ecológica na escolha dos ingredientes: produtos sazonais, de produção biológica, da região. Recomendo vivamente.

A exposição de Tutankamon no de Young deixou-nos muito desapontados. Logo à entrada, juntam os visitantes numa sala escurecida, em frente a uma imitação das portas grosseiras que em 1922 protegiam o túmulo. Música, suspense, suspense. Um vídeo sugere que vamos entrar num sítio especial (como se eu não soubesse, caramba! como se eu já me tivesse esquecido do preço dos bilhetes...). Mais uns efeitos de luzes, e as portas começam a abrir lentamente. Por momentos imaginei que me teria enganado no lugar: em vez de um museu, a Disneylândia.
Os objectos expostos eram interessantes e belíssimos, mas algo me diz que no Cairo ninguém sentiu a falta de alguma peça trazida para esta exposição. Contava com muito mais. As crianças que andavam pela exposição também contavam com mais, fartavam-se de perguntar pelas múmias. Ora então, à atenção de quem queira organizar exposições sobre túmulos egípcios: não se esqueçam de incluir uma múmia qualquer, nem que seja de um gato. Os pais agradecem.
Apesar de tudo, aprendi algo muito interessante: os egípcios retiravam os orgãos aos cadáveres, guardavam alguns deles em caixas separadas do corpo, e deitavam fora o cérebro.
Prefiro não tirar conclusões.







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