27 agosto 2009

tomatinas

"Tomatina" de Buñol:




(fotos: aqui e aqui)


"Tomatina" de Almeria:



Imagens de satélite da região de Almeria em 1974 e em 2000. Na foto da direita, as manchas brancas são estufas.
(foto: aqui)

Não consigo deixar de ligar estas imagens. Penso nos leitos de rios espanhóis completamente secos, na poluição ligada à produção agrícola industrial, nos apoios à agricultura que permitem produzir tomate a um preço suficientemente baixo para que se possa desperdiçar assim, e noutros detalhes igualmente irrelevantes.

Imagino o que pensarão aqueles africanos que se largam ao mar para tentar entrar nesta Europa onde, no espaço de uma hora, se destroem cem toneladas de tomate.

Sim, eu sei: turismo, interesses económicos, tradições culturais, não serão cem toneladas de tomate que vão acabar com a miséria na Índia, e não será por causa destas cem toneladazinhas que os rios que nos chegam de Espanha vêm mais secos e poluídos, etc.

Pois - mas estas coisas irritam-me. Ando eu aqui cheia de preocupações ecológicas, a comprar produtos biológicos da minha região, e até me disponho a pagar o dobro do preço para isso (sim, é curioso: quanto mais locais, mais caros são os produtos agrícolas; muito eu gostava de perceber como é que as maçãs da Nova Zelândia conseguem chegar cá mais baratas que as do lago Constança), para esta gente desperdiçar assim tomate produzido com graves custos ambientais.
...Mas escuso de me irritar demasiado. Quem, como eu, deu a volta aos EUA em quatro semanas, escusa de falar muito alto da pegada ecológica dos outros.

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