13 julho 2009

Catherine

Adoptou nove crianças.
A primeira, porque queria ter uma família completa.
As outras oito, porque lhes queria dar uma família completa.

A primeira era filha de uma adolescente, uma "Juno" que escolheu os pais para o seu bebé, e gostou deste casal - impressionou-a que o marido tenha perguntado se ela tinha sido feliz durante a gravidez.
Em contrapartida, as mães dos outros filhos não tiveram uma gravidez feliz: alcoolismo, drogas, violência, doenças graves. Apesar do muito amor, da casa grande junto à praia, do ambiente social, todas essas crianças carregavam consigo as consequências das circunstâncias em que foram geradas.

Uma delas casou e teve um filho. Tanto ela como o marido têm uma ligeira deficiência mental, pelo que não conseguiam prestar à criança os cuidados de que esta precisava. A Catherine, entretanto viúva, ofereceu-se para cuidar do neto.

Há dois anos e meio descobriu que tem cancro do pâncreas. Já lhe tiraram metade do ventre, fizeram-lhe quimioterapia, tudo.
Ela escreve e-mails alegres, conta os expedientes que inventa para trocar as voltas à morte, agarra-se à vida como uma lapa. Morrer está fora de causa: tem de criar o neto.

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