Hoje matei uma mosca.
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Ao ver o filme que vai entrar para os anais da História Universal, pensei: "ena, ena, parece o Mata-Sete!"
Cada um é como é, e eu sou muito Bruno Bettelheim. Mas podia ser outra coisa qualquer, claro, e nem precisava de sair da letra B.
Budista, por exemplo.
E é assim que está bem. O Obama mata uma mosca, o mundo ri, os budistas protestam, as pessoas pensam um bocadinho, e eu concluo que talvez fosse boa ideia reduzir o meu estilo de vida para Mata-Seis.
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Há tempos quase ia comprando uma colecção de CDs com discursos que ficaram na história alemã. A dona da livraria, uma potente bávara vestida de flower-power, comentou: "Dantes, faziam-se discursos formidáveis. Aquela retórica, aquela liberdade de expressão, os improvisos perante o público! Hoje, os discursos são passados a pente fino por uma comissão encarregada de filtrar tudo o que possa ser ofensivo, passível de má interpretação ou politicamente incorrecto. O que sobra são discursos insípidos, incapazes de arrebatar! Uma tristeza."
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No princípio da semana matei a minha primeira mosca deste ano. Esta é a altura em que elas entram nas casas, enormes, carregadas de ovos, trôpegas. Odeio ouvi-las, enquanto procuram um lugar para deixar a criação.
De modo que fui atrás daquela, de mata-moscas em riste. Vi-a, atirei o gás. Mas ela voou para a frente. Corri atrás dela - pelo meio da nuvem de gás tóxico que eu própria tinha criado...
Ainda me falta muito para chegar aos calcanhares do mestre.
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