...ponham os olhinhos nestes malucos que acreditam que é possível andar de bicicleta em San Francisco:
The San Francisco Bicycle Coalition is an alliance of thousands of people who ride bicycles, and who want to encourage more people to ride bicycles because they know it makes for a better city.
Devem morar todos lá para os lados de Haight-Ashbury...
Mas a verdade é que há muitos ciclistas em San Francisco.
E até conseguiram fazer algumas faixas para bicicletas no centro da cidade.
E volta e meia participam numa manifestação, a Critical Mass, que incomoda o trânsito e recoloca a questão muito pertinente de "a quem pertence a cidade?".
E gastam a energia a pensar em soluções (aqui, por exemplo), em vez de se desculparem com a dimensão dos problemas.
E outra verdade é que a vida sedentária que levamos, mais a poluição provocada pelos carros nas cidades, está a dar cabo da nossa saúde.
Se não acreditam, vão dar uma voltinha pelos blogues portugueses e vejam a quantidade de gente nova a queixar-se de que custa muito andar de bicicleta quando o terreno não é plano. Imagino como o meu tio Zé se riria deles - ele que, aos 75 anos, pedalava na sua bicicleta sem mudanças, várias vezes por semana, um percurso de 15 km no Minho: monte acima, monte abaixo, monte acima, monte abaixo.
Deixem-me fazer um desenho, porque isto é grave: um homem que tinha 75 anos, e não 30, e andava de bicicleta no Minho, e não em Amesterdão.
Se hoje em dia há pessoas de 30 anos que acham normal queixar-se da dificuldade em fazer uma subida de bicicleta, é porque a sua condição física já está muito para lá do indesejável.
Talvez os ortopedistas não estejam a exagerar quando dizem que vem por aí um geração com graves incapacidades físicas.
Finalmente: Lisboa, ou qualquer outra cidade portuguesa, não tem de inventar tudo. Há já imensos exemplos de soluções para trocar os carros por transportes públicos e por bicicletas.
Desde o melhoramento da rede de transportes públicos, passando por carruagens de comboio e metro concebidas com espaço para levar também bicicletas, incluindo também o brutal aumento de preço do estacionamento no centro das cidades e a punição severa dos que estacionam em locais proibidos (e funciona, oh lá se funciona: uma pessoa pensa dez vezes antes de ir de carro para o centro de Munique), até sistemas de aluguer de bicicleta para pegar num ponto e deixar noutro.
Ah, e estou-me a esquecer dos duches nas empresas, e dos armários para guardar o fato e a gravata, caso necessário. Não é preciso inventar nada, já existe por aí.
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