Muito revelador o modo como por aí se reage à informação de que Haider era homossexual, ou bissexual, ou sei lá o quê.
Até parece que o homem foi apanhado em falta.
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Dirão: pois, mas, e os de extrema-direita...
Expliquem-me então: o que é que o Haider disse, concretamente, contra os homossexuais?
E mesmo que tivesse uma posição pública repressora!
Citando o Mexia (ele lá saberá porque o disse, mas a mim serve-me muito bem neste contexto): "há uma diferença entre aquilo que as pessoas sentem e aquilo que as pessoas dizem; e há uma diferença entre aquilo que dizem e aquilo que fazem."
Na vida real, nenhum indivíduo se livra da diferença grande entre o seu ser e o seu dever-ser.
Por outras palavras: as ideias políticas do Haider, ou de outro qualquer, são para discutir com ideias, e não por recurso ao confronto com a realidade da sua vida privada.
Dirão: pois, mas, e os políticos? Impõem-nos uma coisa e fazem outra?
O Ministro das Finanças, por exemplo: se ele defendesse que todos temos de pagar impostos, e se lhe descobrissem uma contazita no Liechtenstein, qual era a conclusão a tirar? Que afinal ninguém tem de pagar impostos?
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Em jeito de coda: no Renas e Veados encontrei um texto muito interessante, onde se pega nesta problemática pelo seu oposto. Em vez do "até entre os de extrema-direita há homossexuais" diz-se "até entre os homossexuais há gente de extrema-direita".
Um dia - sonho - a orientação sexual de uma pessoa será uma informação tão relevante como, por exemplo, revelar com que mão ela gosta de escrever.
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