04 julho 2008

então ficamos assim:

O Eduardo Pitta faz críticas a restaurantes de luxo, e o João Gonçalves faz uma análise comparada dos pregos no prato servidos em Mem-Martins.

Neste mundo há lugar para todos, e assim ficamos todos muito bem servidos.

Por mim, dou já um contributo para os clientes das tascas, e, mais concretamente, dos restaurantes de frangos em Berlim.
Depois de algumas incursões pelos frangos de churrasco na vizinhança, na altura em que ainda não tinha cozinha, cheguei a uma triste conclusão: devem deitar algum produto químico nos frangos que lhes dá um aroma delicioso, apesar de ainda estarem meio crus. Sim, é um aviso: não comprem frangos grelhados em Berlim!
Em toda a Berlim? Não! Uma pequena loja resiste ao inimigo, e fica na Sonnenallee, numa zona que já tem bastante ar de gueto. É aí que servem um franguinho para muçulmano nenhum deitar defeito. O resto (as batatas fritas, a coca cola - acho que não vende cerveja) podem esquecer. Mas o franguinho, aaaah, o franguinho!

Tempos houve em que eu achava que, para saber qual era o melhor restaurante de uma terra, devia perguntar a um polícia. Não se riam: seria a minha intuição feminina a adivinhar a ASAE...
No entretanto já tive oportunidade de me dar conta que os meus gostos mudaram, mas os dos polícias não.
Tentei um novo segmento, perguntei a um palestiniano empregado de café, e o resultado foi aquela churrasquinha na Sonnenallee.
Também não era bem isso.

De momento estou nesta fase: gostos tão finos quanto o budget para restaurantes. Gosto de frequentar bons restaurantes, mas só dá para comer uma sopinha ou (nos dias de festa: e) uma sobremesa.
Por exemplo a 3000 m de altitude, em Piz Nair, uma sopa de pêra abacate com milho. De esquiar por mais.
Ou as sobremesas em Muottas Muragl. Nesse restaurante não aconselho o risotto, que me pareceu um bocado farinhento. Enfim, talvez o problema não fosse do risotto, mas meu, que estava a comer um menu de 80 euros e por isso esperava que tudo fosse fenomenal, pelo menos. É o que dá quando pessoas deste mundo fazem uma incursão no outro.

Às vezes vou para a Friedrichsstrasse apreciar as russas no Quartier 206. Vejo-as tão novas, tão bela figura, estilo tão caro, a entrar naquelas lojas que nem sequer põem os preços na montra, e dá-me para a inveja, "não foste tu quem ganhou esse dinheiro todo, minha grande lambisgóia", penso eu com os meus botões H&M.
Mas ultimamente ocorreu-me que podem ser supermodelos, sim, onde será que elas compram os trapinhos?, e que a minha inveja ainda é um sentimento mais feio que de costume.

Podia continuar a desconversar por aqui mais meia hora, mas tenho de fazer as malas e antes disso o almoço (beringelas com borrego às três pancadas, especialidade minha), e o comboio é já daqui a hora e meia, aimêdês.

Bom fim de semana!

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