Aqui no meu prédio há um cão, daqueles com ar de mal-encarados (assim: com o focinho amassado - ou seja, um cão daqueles com ar de mal-enfocinhados) que passa a vida a ladrar. Mas eu não faço nada, que o cão pertence a umas mocinhas que parece que trabalham para uma empresa não sei quê, eu só as vejo a sair e a entrar muito bem vestidas, e os gajos que as vêm buscar e trazer andam sempre nuns carros formidáveis. Parece que a empresa dá muito lucro aos empresários, já às mocinhas duvido, mas em todo o caso não sou eu quem há-de ir tocar àquela campainha para dizer que o cão delas precisa de um psicólogo.
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Agora que penso nos carros que eles conduzem mas elas não: e se houver por trás de tudo isto histórias muito sórdidas? e se elas forem escravas sexuais? e se, sei lá, os empresários as terão nem-imagino-o-quê e agora as têm presas por alguma espécie de culpabilidade? e se são miúdas desaparecidas há 10 anos, vítimas de uma completa lavagem ao cérebro?
Quem acha que os vizinhos do Fritzl tinham obrigação de ter visto e reagido, diga-me agora o que é que eu devo fazer. Porque eu não sei.
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