Quando traduzi o texto do post de 15 de Abril, estaquei durante semanas no pronome pessoal.
"Meus filhos, vós" ou "meus filhos, vocês"?
É verdade que "no tempo das schtetl e dos progroms" ninguém dizia "meus filhos, vocês".
Mas... aquela parte do "vós tendes a vossa própria vida" - embora gramaticalmente correcta, deixou-me os ouvidos a doer.
Como é que se fala hoje em dia? Que mãe se dirige aos filhos dizendo "vós", usando o verbo na segunda pessoa do plural?
E como funciona o "vocês", que tanto aceita o "-vos" e o "vosso" como o "lhes"?
É curioso assistir a esta evolução da língua.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, viram-se os pronomes, destrata-se a sintaxe.
Pensando bem, é doloroso aperceber-me que começo a ser um museu itinerante da língua portuguesa.
Na minha terra já ninguém fala assim - e até eu começo a ter dúvidas...
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Por este andar, ainda chegamos ao Brasil: onde se fala uma língua, e se escreve outra.
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