22 novembro 2007

mas afinal como foi?

Aproveitei a gripe para ler o livro da Zita Seabra, que no Verão me fora oferecido e muito recomendado.

Fui à internet ver as reacções, e fartei-me de rir: se a mensagem não agrada, vem mesmo a calhar a mensageira ser uma arrogante prepotente de sapatos vermelhos.
Estranhei que, apesar de ela fazer acusações muito sérias ao PCP e apresentar factos, a maior parte dos blogues se perder no anedótico, na correcção dos detalhes, no "não vale a pena ler, que não tem nenhuma novidade".
O pessoal do PCP vive numa The Village mental? Vá para fora cá dentro?
Também me fartei de aprender para o futuro: quando me atacarem o Papa e a Santa Madre, já sei como é que não devo reagir.

Gracinhas à parte, nenhum blogue me esclareceu as dúvidas. Gostaria de ter assistido a um debate público sobre o papel do PCP nos últimos 50 anos (nem peço mais) da história portuguesa, mas nada.
Também se pode dar o caso de eu ter procurado nos sítios errados.

De modo que pergunto aqui:
Independentemente das indumentárias e do carácter da escritora, é ou não é verdade que o PCP, ou as suas chefias,
- discriminava as mulheres?
- tentou impedir as primeiras eleições livres depois do 25 de Abril porque não queria a Democracia, mas uma ditadura do proletariado?
- organizou uma escaramuça de estudantes, combinada com o copcon, para este prender os estudantes de alas esquerdistas que não alinhavam com o Partido?
- invadiu a casa da Zita Seabra e passou-a a pente fino (mesmo que o grupo de agentes não tivesse sido exactamente aquele que ela enunciou)?
- criou partidos fantoche (para concorrer às eleições em coligação, escondendo a foice e o martelo)?

Também gostaria de saber se, quando ela diz - mais de uma vez - que alguns militantes morreram em acidentes de automóvel estúpidos, está a querer sugerir que alguém poderá ter "avariado" os travões, ou algo do género. (É que eu não acredito em bruxas, mas sei de guias das antigas prisões da Stasi que nunca fazem uma viagem de carro sem antes verificar os travões - mesmo 18 anos depois da queda do muro, nunca se sabe...)

Adianto já que me darão uma grande alegria se responderem "sim" à maior parte dos pontos acima enunciados: fico com uma enorme admiração pela Democracia portuguesa, que conseguiu sobreviver e afirmar-se, apesar de ter tal inimigo enquistado no seu seio.

***

No fundo, eu já sabia. Mais coisa menos coisa, não é novidade. Mas eram informações que vinham num pacote em conjunto com "os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço" e "os comunistas matam velhinhos com uma injecção atrás da orelha", e era tudo tão incrível que uma pessoa preferia não acreditar.

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