12 março 2007

benefícios colaterais, sim, mas a que preço?

Será que Bush sabia no que se ia meter?
Provavelmente a esta hora estará a ponderar uma aproximação à Venezuela...



Não é só esta cara de engasgado com pretzel, enquanto tenta fazer de conta que se está a divertir. Não, longe disso.
É mais este notório caso de discurso diplomático, tal como descrito no Estadão:

Política externa com papo de botequim

O jeito Lula de fazer diplomacia, no Hilton


Sexo, jogos, divertimento - ou melhor, ponto G, truques de baralho e noites de Oscar. Não, não era um encontro de amigos em hotel de turismo. Era o presidente Lula brincando, misturando política externa e conversa de botequim, no encontro entre ele, seu convidado George W. Bush e a imprensa, ontem à tarde, no Hilton.

Qual Mike Tyson, ele jogou pesado já ao entrar no palco: “Puxa, tem mais jornalista aqui do que em premiação de Oscar”. Passado o tempo de risos da platéia, completou: “É claro que quem está dando os prêmios não é tão bonito...”

Não demorou para que voltasse a fazer menção ao sexo. Dois dias depois de ensinar ao País que “sexo é uma coisa da qual quase todo mundo gosta”, Lula insistiu com seu parceiro americano quanto à urgência de chegarem logo “ao ponto G” do entendimento sobre a Rodada Doha. Para dizer que a conversa tem progredido, recorreu, sem inibição, à imagem do orgasmo feminino: “Estamos andando com muita solidez para encontrar o chamado ponto G e para fazermos alguma coisa”. Bush, atento ao fone de ouvido, riu ao ouvi-lo. O público americano, não. Esse trecho da conversa foi omitido na TV daquele país pelo tradutor que apresentava o diálogo ao vivo.

Momentaneamente alheio às questões do futebol - culpa, quem sabe, do técnico corintiano Leão? - o presidente, habituado a relatar grandes diferenças políticas como se fossem pequenos jogos, apresentou suas cartas. “Quando se negocia”, comentou a propósito da batalha do protecionismo, envolvendo Brasil, EUA e Europa, “nenhum país quer fazer a primeira oferta”. Todo mundo “tem cartas na manga do colete”. Há jogadores que jogam contra, outros que jogam a favor “e até outros que simplesmente não querem jogar”, avisou o presidente brasileiro, para concluir que ele e Bush estão dentro dessa disputa: querem, sim, debater os subsídios na agricultura.

O baralho voltou à mesa instantes depois - com Bush comportadinho, em seu púlpito, enquanto Lula mais parecia um experiente crupiê cortando as cartas sem olhar - quando a Rodada Doha voltou a ser lembrada. “Se você me perguntar o número eu não respondo, porque é um segredo muito bem guardado. Se eu der o número, o adversário vai tentar puxá-lo para baixo”, advertiu. Entrando no espírito da coisa, coube a Bush o grand finale, numa recomendação aos jornalistas americanos: “Tomem cuidado, não vão ficar tempo demais nos bares por aí...”

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