Comprei um livro de feng shui sobre como se desimpedir de pesos mortos para
libertar o chi. O blablabla do costume, muito yin e muito yang, e deite
fora tudo o que não usou nos últimos dois anos, etc.
Estão malucos! Pois se foi tão caro! E se eu engordar um bocadinho, isto serve-me outra vez, e se eu emagrecer um bocadinho aquilo serve-me outra
vez.
É verdade que já enchi três caixas de mudanças e ainda estou longe de chegar
ao fim da roupa de inverno. Mas reencontrei aquela camisola que usei no
Natal de 1985, ai que saudades, no tempo em que ainda se chamava pulóver.
E os jornais comprados em momentos históricos (são todos) e as revistas estrangeiras cheias de artigos inteligentes que me interessam muito?!
Como faço quando tiver tempo para ler, se no entretanto me tiver desenvencilhado daquelas três pilhas que pacientemente esperam por mim?
Preparei uma caixa para as coisas que vou deitar fora.
Lá no fundo, sozinho, repousa o livro de feng shui, com o chi murcho.
***
Que tratou logo de se vingar, e transmitiu por ondas de energia yin a sua mensagem desimpeditiva à Céu.
(será um caso de "vingança do chinês"?)
Fazer o quê?
Plano A: começar de novo, e contar comigo, vai valer a pena, etc.
Plano B: ir vasculhar nos rascunhos que não apaguei, compor uma intermináveis tripas mensais, e arquivar no blog. Céu - dá para fazer isso? Será que vale realmente a pena, ou é apenas um reflexo inútil de restauração?
Em todo o caso, há coisas piores na vida.
Ó aqui, por exemplo:
Que reste-t-il de nos amours
Que reste-t-il de ces beaux jours
Une photo, vieille photo
De ma jeunesse
Que reste-t-il des billets doux
Des mois d' avril, des rendez-vous
Un souvenir qui me poursuit
Sans cesse
Importante mesmo é a moral da história: o feng shui é um bicho perigoso, rancoroso, implacável.
A partir de hoje vou experimentar shabby chic.
(e tratar de guardar os arquivos em cd-rom, inclusivamente os comentários)
(hehehe, nem tudo é mau: agora posso voltar a contar as mesmas histórias, já ninguém tem como provar que me estou a repetir, hehehe)
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