Amiga, amigas, amigos: é mesmo certo que cheguei ao Porto.
Fiquei a acabar o pequeno-almoço sozinha, na rua, e a senhora da mesa ao lado perguntou-me se podia olhar pelas coisas dela um momentinho enquanto ia lá dentro pedir o café. Deixou ali a bolsa, as chaves, um saco - e deixou-me a mim pasmada com tanta confiança.
(Até me lembrou as missas em Berlim: as pessoas vão comungar, e deixam as bolsas no seu banco.) (Espero que nenhum gatuno berlinense leia este post.)
A empregada veio, e eu pedi-lhe a conta, mas só depois de trazer o café para a mesa do lado. "ah, para a dona Emília", disse ela, e eu a pensar que abençoada terra essa, onde as pessoas têm nome mesmo num café do centro da cidade. A empregada trouxe o café e a conta, onde incluíra o café. Ri-me, e disse que tinha todo o gosto em pagar.
- Ai, isso é que não!
- Olhe que oferecer-lhe um café, em troca da confiança que me ofereceu, até nem me sai nada caro.
Não aceitou, mas também se riu. Depois sossegámos ambas a empregada, que insistia em envergonhar-se muito do malentendido. Disse-lhe que deixasse estar, que assim já tínhamos uma história para contar hoje.
Foram os primeiros momentos da primeira manhã das minhas férias em Portugal, e já me souberam a tudo.
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