10 dezembro 2019

"unidade"

A minha história favorita ligada ao conceito de #unidade é uma que provavelmente já contei aqui pelo menos vinte vezes. Ora bem: cá vai a vigésima primeira, com um beijinho especial para os colegas de memória mais curta.

Nos EUA, os meus filhos andaram num jardim intantil e escola primária Montessori que lhes deu asas à inteligência. E ao humanismo, mas hoje falo só da inteligência. Quando os miúdos entravam na sala, a professora do jardim infantil perguntava a cada um deles em que queria trabalhar nesse dia. A criança dizia o que lhe apetecia mais fazer, escolhia os materiais com a professora, e era deixada sozinha, inteiramente concentrada no seu - lá está - trabalho. Havia na sala cerca de 25 miúdos entre os 3 e os 5 anos, e reinava nela uma tranquilidade que levou um mãe alemã que eu conhecia a procurar outro jardim infantil para os filhos, porque achava aquilo muito pouco natural.
Para o Mathias, foi o melhor que lhe podia ter acontecido. Aos 3 anos iniciou-se no mundo da matemática com um prazer enorme. 


Um dia veio ter comigo e começou a explicar-me com um ar muito sério e concentrado:
- Há as unidades, as dezenas, as centenas, os milhares, as dezenas de milhar, as centenas de milhar, os milhões, os biliões e os zilhões. Zilhões é mais do que eu posso contar, e é quanto eu gosto de ti. 


(desculpem abrir aqui um pequeno intervalinho para babar, volto já)
(ainda há pouco tinha largado as fraldas, e já estava ali todo seguro de saber contar até milhões! É impressionante o que a escola certa pode fazer por uma criança.) 


Aos cinco anos, o miúdo que adorava resolver problemas nas viagens de carro ("16 gomas para 3 meninos dá 5 gomas a cada um, e depois parto a última em três" ou "32 gomas para 3 meninos dá dez a cada um e eu como as outras duas") veio para a escola alemã, e passou um ano inteiro a fazer contas até 10, para não se cansar muito.

2 comentários:

Catarina disse...

: )))

Suponho que não havia uma Montessori perto da sua casa na cidade onde vivia ou vive. : )

Lucy disse...

podes contar mais vezes, até ao infinito...