09 fevereiro 2019

Berlinale 2019 - primeiro dia




Este ano a minha Berlinale começou da melhor maneira: ainda antes do filme de abertura, vi A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes, numa sessão para a imprensa. Excelente cinema de autor.
Excelente câmara de Acácio de Almeida. Um regalo para os olhos e a inteligência: a sucessão de quadros "renascentistas" atravessados pelos textos de Agustina.



A cerimónia de abertura no Berlinale Palast é só para convidados. Mas o povo - como eu, e como todos os que tiverem o cuidado de comprar o bilhete no primeiro minuto em que o festival abre as vendas - pode ir para o Friedrichstadt-Palast ver a transmissão em diferido. Anke Engelke começou a cerimónia em dueto com Max Raabe, cantando uma declaração de amor a um Dieter Kosslick visivelmente comovido (pode ver-se logo no início do filme). Depois continuou com as piadas e a apresentação dos elementos dos júris, naquela maneira muito berlinense, bastante aquém do profissionalismo de Hollywood mas com uma frescura e uma familiaridade que tudo compensam.

No fim da transmissão em diferido da cerimónia é costume o Dieter Kosslick aparecer a saudar o público do Friedrichstadt-Palast. Mas na quinta-feira passada fomos todos agradavelmente surpreendidos com a presença de Anke Engelke e do team do filme de abertura, The Kindness of Strangers, de Lone Scherfig.
Estava tudo a correr muito bem, mas depois o filme começou.



Devia ter desconfiado, quando a realizadora disse que tentou fazer um filme leve, apesar da seriedade do tema. Como é possível fazer um filme leve quando o tema é violência doméstica?
The Kindness of Strangers é um filme com alguns bons momentos, mas um iniludível sabor a fake.
Apear de tudo, diga-se em seu abono que consegue transmitir o desespero das famílias que vivem sob o domínio de alguém violento - ao menos isso.

De modo que o primeiro dia da Berlinale acabou empatado: um filme muito bom, um filme bastante fraquinho.

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