28 janeiro 2019

nevoeiro em Agosto



Ontem, dia internacional da Memória do Holocausto, o segundo canal público alemão passou o filme "Nevoeiro em Agosto", baseado numa história verídica, de um ciganito que é separado do pai e internado num hospício por ter "problemas de rebeldia". De registar: a ZDF escolheu alargar a temática do Holocausto a outros grupos que também foram vítimas da loucura nazi.

O filme expõe o contexto no qual ocorreram os assassinatos de 200.000 pessoas com doenças mentais, durante o período nazi. Se tiverem oportunidade de ver, não percam. De entre os aspectos mais bem conseguidos, destaco a referência à posição de parte da Igreja Católica, e a figura do director do hospício: um médico simpático e muito dedicado aos seus doentes, que num momento brinca com as crianças da enfermaria, e no momento seguinte está a decidir que nomes vai riscar da lista dos vivos.

Já conhecia alguns factos sobre a perseguição aos ciganos e o programa de eutanásia nazi. Mas nunca tinha ouvido a justificação da eutanásia em palavras tão simples, e numa lógica tão fácil de acompanhar, como acontece num discurso nesse filme. E choquei-me com os factos revelados no final:
- O programa de assassinato de doentes continuou várias semanas após a capitulação da Alemanha.
- O director do hospital foi condenado a um par de anos de prisão, mas não chegou a ser preso por se considerar que não estava em condições físicas de cumprir essa pena.
- A enfermeira que envenenava as crianças foi condenada a quatro anos de prisão. Após cumprir a pena, retomou o seu lugar de enfermeira num hospital de crianças.


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