21 dezembro 2018

quem precisa de fake news quando os media fazem o trabalho do Bannon?


 (foto: Paul Zinken/dpa)
Escrevi o post "aviso aos navegantes: estão a marcar uma revolução para amanhã" há algumas semanas, comentando um vídeo que andava no youtube para convocar a revolução dos coletes amarelos na Alemanha.
(Será que se pode dizer "revolução" quando a agenda é retrógrada?)
Só vi esta convocação na internet. Os meios de comunicação social alemães que frequento ignoraram ostensivamente. E uma amiga portuguesa criticou-me por contribuir para dar visibilidade à convocação - no que estava muito certa.
No dia marcado não estava na Alemanha. Li nos media alemães online pequenos apontamentos do ridículo, do género: três homens com coletes amarelos parados numa passagem de peões a interromper o trânsito, o pessoal a perguntar "isso é que é a revolução?" e a polícia a multar os três gatos-pingados por estarem a provocar desordem na via pública. 
Se bem entendi, os meios de comunicação social portugueses fizeram a escolha de divulgar ao máximo a convocação para uma iniciativa semelhante em Portugal: sabotagens aleatórias ao serviço de exigências populistas. Preparo-me agora para um dia de notícias construídas numa lógica de autojustificação ("vêem como tínhamos razão para alertar o país para este perigo?").
O Bannon deve estar a morrer de riso. Ou então, chateado como os humoristas desde que o Trump chegou ao poder: "oh pá! façam o vosso trabalho e deixem-me fazer o meu! porque se fazem o meu, fico desempregado!"

2 comentários:

Júlio de Matos disse...

Crónica duma "revolussão" anunciada (pela imprensa de referência):

A "revolussão" do Séc. XXI foi promovida. Deixou de ser um mero fenómeno do real e passou a acontecer unicamente no (cada vez mais sobrelotado) mundo virtual. Aleluia!

Pessoalmente, tive muita sorte: tal como aconteceu no 25 de Abril, vivi esta nova grande "revolussão" ao vivo, nas redes sociais, e sei bem do que falo. Foi emocionante, sobretudo na semana anterior!

No dia D, contudo, foi decepcionante: em pleno Marquês de Pombal, o único colete retro-refletor real que eu vi foi um cor-de-laranja, não amarelinho, mas nem queria acreditar: era apenas um senhor real (muito provavelmente ucraniano) que calmamente aspirava folhas reais caídas no chão real... Paciência: que a banal realidade não venha estragar uma anunciada "REVOLUSSÃO".

Pessoas reais, essas parece que apareceram quase cem, ou nem tanto, a atravessar passadeiras para a frente e para trás, entre as oito e as nove da manhã. Tratando-se do Marquês de Pombal, acho que isto já chega para poder ser classificado como "revolussão", no Admirável Mundo "Novo" virtual que nos distrai e anima (tão "novo", que antes ainda de crescer já ficou velho e senil...)!

Helena Araújo disse...

hehehehe
Isso mesmo: nas redes sociais, as coisas são emocionantes ainda antes de acontecerem... :)