16 julho 2018
"Minho"
O #Minho é tão meu que em criança acreditava ser este nome o resultado do tão minhoto costume de dar a tudo um diminutivo: "minho" seria o diminutivo de "meu".
Ele meu, e eu dele:
- És Minho.
- És Minha.
Poupo-vos os detalhes deste amor. Conto apenas o momento em que o descobri, já largamente entrada na adolescência: ia a descer uma vereda que conhecia de cor e salteado, e de repente reparei na beleza dos verdes, dos terraços, da luz. Fiquei parada, perplexa, em exaltação muda. E nunca mais olhei para aquela terra com a cegueira do hábito.
Anos mais tarde, ao calcorrear com uma amiga alemã o caminho entre os muros de pedra que leva à minha casa, quis partilhar com ela essa antiga exaltação:
- Adoro esta beleza!
- Qual?, perguntou ela.
- Então não vês? O chão de terra, os tufos de margaridas nas pedras dos muros, o verde dos pinheiros...
Ela encolheu os ombros:
- É apenas um caminho de terra batida, entre muros de pedra...
Deve ser isso a Heimat: onde outros vêem terra e pedras, nós pomos a beleza que nos dá sentido às raízes.
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2 comentários:
Então deve ser por isso que, mal o conheci, também senti logo que o Minho era tão "minho" como dos próprios minhotos!
E ainda por cima entrei nele, pela primeira vez, de comboio, que é sem dúvida a melhor forma de se entrar pela primeira vez no Minho, logo a seguir à bicicleta -- ou, melhor ainda, ao andar a pé...
A melhor forma de entrar nele é pela sala de parto... :)
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