05 fevereiro 2016

experiência de pedagogia Waldorf num bairro problemático: de como o Henri foi para a escola da Fatin





Traduzo e sintetizo algumas frases retiradas de uma notícia do Spiegel online sobre uma curiosa experiência pedagógica e social em Hamburgo:

Experiência de pedagogia Waldorf num bairro problemático: de como o Henri foi para a escola da Fatin

Um artigo de 

Como é que uma escola de um bairro problemático consegue captar alunos de famílias com nível académico? Normalmente, não consegue. Para mudar esta situação, a cidade de Hamburgo fez uma experiência pedagógica arriscada.

Síntese: numa escola primária de Hamburgo, as aulas são dadas em conjunto por professores do ensino público e professores da pedagogia Waldorf. O objectivo deste projecto - atrair famílias de académicos a uma escola pública num bairro de imigrantes - está a ser atingido. Mas na prática ainda há várias questões a resolver. 

Nesta escola pública, o dia começa com uma roda de canções e expressão corporal, e pequeno-almoço tomado em conjunto. A pedagogia Waldorf define o ritmo da aprendizagem: 3 ou 4 semanas de alemão, 3 ou 4 semanas de matemática, 3 ou 4 semanas de desenho, para então recomeçar com alemão, e assim sucessivamente.
A experiência decorre de 2014 a 2020, num bairro de Hamburgo no qual 3/4 das crianças que entram na primeira classe não falam alemão em casa [nota: como não é obrigatório frequentar o ensino pré-primário, há muitas crianças nascidas na Alemanha que chegam à escola primária sem saber falar alemão; em Berlim, este fenómeno sucede bastante com crianças polacas: os pais vivem em Berlim, e têm os filhos em casa de familiares, na Polónia. Quando estes chegam à idade escolar, para não perderem o abono de família, os pais vão buscá-los no início do ano lectivo e metem-nos numa escola pública sem que as crianças saibam uma única palavra de alemão]. Praticamente metade das crianças deste bairro vem de famílias que precisam de apoios da Segurança Social.
A experiência pedagógica nesta escola pública está a atrair a esse bairro cada vez mais famílias de um nível cultural e de rendimento mais alto, que dão muita importância à Educação.

O conceito pedagógico ainda não está afinado. Há muitas questões em aberto: quantos minutos deve durar a roda matinal? As crianças devem sentar-se em cadeiras ou em almofadas de grãos? Devem começar a aprender apenas com maiúsculas? Devem ter sempre o mesmo professor? Ou deve haver dois professores, um estatal e um Waldorf? Como combinar elementos didácticos e conceitos de escola tão diversos como estes? Há ainda muito trabalho a fazer.

Mesmo assim, a experiência está a dar bons resultados: na escola há cada vez mais crianças de famílias de académicos, e que falam alemão sem erros. Na primeira classe, já representam 25% dos alunos, o que é muito mais do que acontecia há apenas 3 anos.

Duas professoras que preparam em conjunto as aulas afirmam que esta experiência é enriquecedora para todos, e que a pedagogia Waldorf não deve ser vista como algo que apenas interessa às famílias de académicos com bons rendimentos que querem poupar os filhos à pressão competitiva da escola pública. Reconhecem que já se ensinaram muito mutuamente: uma aprendeu a trabalhar com fichas já existentes, em vez de fazer ela própria todos os exercícios, a outra aprendeu a acalmar as crianças com rimas e outros pequenos truques.
Aula de alemão: as crianças estão sentadas nas suas almofadas vermelhas de grãos, e desenham leões com lápis de cera caros, que depois arrumarão cuidadosamente nos estojos de tecido que os seus pais fizeram em colaboração com os professores. Típico Waldorf: os desenhos, os estojos bonitos, as cores de muita qualidade. Os materiais de trabalho têm de ser muito bons, e agradáveis ao tacto.
A professora do ensino público já não consegue separar a pedagogia Waldorf do seu próprio ramo. "Não devemos arrumar a escola em gavetas", acrescenta a sua colega Waldorf.            
Nesta escola, o que conta é: quais são as necessidades das crianças?


3 comentários:

Paulo Topa disse...

Gostei muito. Já agora, não quer traduzir o artigo todo? Estou meio a brincar, meio a falar sério.
Espero que a alteração na população escolar não se torne muito acentuada e que não se inverta o espírito inicial.
Adorei a frase com que termina!
Muito obrigado!

Paulo Topa disse...

Helena Araújo disse...

O que falta traduzir não é muito importante. São aspectos próprios da Waldorf, que a escola não cumpre.
Penso que apenas 25% dos alunos a falar bem alemão ainda é uma percentagem baixa. Podia alterar um pouco mais.
O que seria boa ideia era diversificar a oferta (porque não ter ao lado uma escola Montessori, ou mais vocacionada para artes?).
Em todo o caso, acho uma ideia muito interessante oferecem escolas especiais, no sentido de "melhores", nos bairros de imigrantes.
É uma óptima ideia para a integração.