27 agosto 2014

a blogonovela da cozinha continua

Onde é que eu ia? Ah, já sei: um homem deixou três caixotes enormes em frente à nossa casa, consegui descobrir o nome alemão do tipo de camião que havia de me pôr as caixas no segundo andar, procurei na internet, telefonei, combinámos para daí a bocadinho.
E foi assim: apareceu-me um homem já de certa idade, que parecia um rapazinho a brincar com um carro telecomandado. Em menos de meia hora tinha a brincadeira feita. 


 



Passo seguinte: arranjar os quatro homens com força de King Kong e sensibilidade de Sininho que pusessem os blocos dentro de casa. Arranjei, numa empresa de transporte de pianos de cauda, mas apareceram-me só dois. "Então não são quatro? Olhem que um dos blocos pesa 200 kg!", avisei eu, mas eles encolheram os ombros. Abriram as caixas, e um deles tinha sensibilidade de Sininho, dava gritos histéricos sempre que ouvia os ruídos da esferovite. Mandámo-lo para o andar de baixo, até esse trabalho estar terminado. Depois pegaram no bloco maior, e desataram a resmungar, porque pesava bem mais do que 200 kg. Ainda perguntei se queriam chamar reforços, mas eles que não. Pousaram o bloco no sítio certo, pousaram o segundo bloco no sítio certo, fartaram-se de resmungar. No fim paguei-lhes quase o dobro do que tinha sido combinado, e senti-me ridícula - se este trabalho lhes deu cabo das costas, de que serve um par de dezenas de euros?




 




Última etapa da aventura: fazer as ligações da água, pôr o fogão e o exaustor. Parecia fácil, mas acabei por aprender mais alguns palavrões, da boca do técnico deitado de costas dentro dos armários, com metade do corpo suspenso no ar, numa posição desconfortável e precária. E quando parecia que tudo estava bem...
... mais um balde de água fria: o bloco estava demasiado baixo, não era possível pôr os rodapés.
Lá fui eu arranjar mais um especialista em cozinhas difíceis, que me viesse elevar cerca de 1 cm este bloco de - entretanto - uns 300 kg, sem partir aquilo tudo.
Vieram dois, há bocadinho, e subiram os pés um a um, milímetro a milímetro. Enquanto escrevia este post fizeram o trabalho, e no fim pediram menos do que tinha sido combinado porque afinal não fora tão demorado. Também elogiaram muito a cozinha, repararam na elegância dos detalhes, disseram "gigantisch" e "genial", louvaram muito o trabalho português. Disseram que dificilmente arranjaria na Alemanha quem me fizesse uma coisa destas.

Agora só me falta arranjar tempo para arrumar tudo no sítio certo, limpar e pôr bonitinho, esperar que o Joachim regresse dos EUA com a máquina fotográfica, e depois ponho aqui - com alegria, orgulho e alívio - o episódio final desta novela.
Que não há-de ser o final, pensando bem, porque a história a sério começa agora: finalmente temos o espaço que sonhámos para nos sentarmos longas horas à mesa com bons amigos.


6 comentários:

Cristina Torrão disse...

Pois, fico então à espera das fotografias da cozinha "gigantisch" e eu acrescentaria ainda "bombastisch" ;)

Helena Araújo disse...

:)
Já lá iremos, já lá iremos.

Paulo disse...

Também estou à espera. Parece estar linda.

Helena Araújo disse...

Hoje arrumei-a. Está mesmo linda!
Está à tua espera.

Paulo disse...

Mostra bonecos, vá.

Helena Araújo disse...

Não posso, Paulo. Estou à espera que o Joachim regresse dos EUA, para onde fugiu com a câmara fotográfica.
Era uma pena fotografar aquela obra de arte com o meu telemóvel jurássico.

(Por acaso, antes de fotografar, ainda havíamos de arranjar tempo para decidir que quadros pomos na parede, e para os pôr, e assim. Ficava ainda mais bonito. Já lá tem uma escultura de que gostamos muito, e que bem fica ali.) (Nota-se que estou completamente apanhada pela bela da cozinha?)