31 janeiro 2013

preciso urgentemente de um manual de etiqueta e boas maneiras



Desde que me disseram que o Clooney anda por aí, comecei a estar mais atenta a homens baixinhos - nunca se sabe.
Esta manhã, estava a chegar à porta da Filarmonia, ouvi falar animadamente em inglês atrás de mim. O Clooney!, pensei, e olhei para trás. Era mais baixo que eu, mas não era o Clooney, era o Dudamel.
Foi nesse momento que senti a falta de um manual de etiqueta actualizado. Num caso destes, quem entra primeiro? Quem abre a porta a quem? É verdade que o Dudamel é um bocadinho mais famoso que eu, mas - que diabo! - hoje eu até ia vestida de senhora e tudo.

Abri a porta, passei à frente, e mantive-a aberta para eles passarem.
Mas continuo sem saber se devia ter esperado ele abrir a porta para eu passar, ou quê. E, já agora: se estivesse a trabalhar com uma pessoa dessas (por exemplo, se fosse a assistente do Simon Rattle) (sonha, Heleninha!) quem devia dar passagem a quem?

Agradeço respostas em breve, porque logo vou a um jantar com alguns VIPs e pode ser que me aconteça mais uma dessas questões existenciais. Só vos digo que é muito complicado ser mulher nestes tempos de emancipação.

***

O Dudamel é um dos maestros de quem se fala para substituir Simon Rattle em 2018. Entre risos, comentávamos que este talvez seja o seu concerto de candidatura. Mostrou estatura para isso: pareceu-me menos exuberante, mas mantém a graciosidade na expressão corporal, e dirigiu com toda a segurança. Há dias perguntava-me como se sentirá um maestro à frente destes músicos, conhecidos entre os melhores do mundo. O Dudamel não deixou margem para dúvidas: quem conduz é ele, e sabe exactamente onde quer chegar.

O Lang Lang continua em plena forma no seu piano-show. Tocou o concerto nº2 para piano de Béla Bartók, peça que combina muito bem com a sua maneira de usar o piano. Um espectáculo por si: o pé a bater o ritmo no chão, o diálogo com o músico dos tímbales ("toma esta" "gosto disso!" "e só para terminar, olha-me isto"), o bate e foge, o estender o corpo para trás para largar duas notas finais de uma frase em pianissimo, a furiosa corrida pelo teclado. Por pouco não punha o piano a saltitar. Um dia há-de conseguir, tenho a certeza.

2 comentários:

Lucy disse...

estava esperançada em também encontrar respostas nos comentários mas se calhar a Paula Bobone não vem aqui.... pena

Helena Araújo disse...

é pena, é, Lucy. Continuo sem saber.
:(
No facebook passaram-me este link, mas os argumentos não me convenceram:

http://artofmanliness.com/2011/06/08/opening-door-for-woman/

Acho que o mais inteligente é nunca me pôr numa situação em que seja preciso decidir. Ou vou bem à frente do homem, ou bem atrás. E mesmo assim...
Além disso, neste link não falam das pessoas realmente importantes: se for o Presidente da República? Não, que disparate, era para falar das pessoas importantes. Se for o Simon Rattle? Ou se for um dos sem-abrigo que nos dão exemplos notáveis de aguentanço?