18 junho 2012

insider trading: comprem acções da "Tempo - lenços de papel"

Pois lá fomos nós até ao Lago Constança, pois lá parámos uns minutos em Weimar para dar um beijinho a amigos cujas filhas eram pequenitas amorosas quando mudámos para Berlim e agora estão umas adolescentes lindas de olhos brilhantes, pois lá seguimos caminho com o coração a transbordar: a vida que nos acontece.

Os nossos amigos - os meus mais antigos amigos na Alemanha - não queriam festejar as bodas de prata. Que uma festa custa muito dinheiro, que andam a poupar para uma há muito sonhada viagem à Nova Zelândia, e tal, e coisa. Mas nós soubemos dar-lhes a volta, e que os amigos levam a comida, e que nós oferecemos o champanhe, e que podem festejar no salão da igreja, e eles acabaram por decidir fazer uma festa. Em boa hora, porque foi inesquecível.
Nem se preocuparam em comprar roupa nova, nem em grandes ostentações. A decoração da sala foi feita por uma amiga, com seixos e paus das margens do lago. A comida e as bebidas foram trazidas pelos amigos, a própria celebração foi feita pelas pessoas do seu grupo de oração - o pastor estava presente, mas só participou na benção (um momento lindo: os noivos num círculo de amigos que ia rodando; o que estava em frente aos noivos dizia a sua benção, e os que estavam ao lado deles pousavam uma mão nos seus ombros).

Passei dois dias de lagriminha ao canto do olho. Uma pessoa vê todas aquelas manifestações de amor, de amizade, de criatividade, de entrega e generosidade - e comove-se, caramba.
Pelo meio ríamo-nos da falta de comunicação na família: passaram o tempo a surpreender-se uns aos outros, com algo que tinham preparado em segredo. A mulher para o marido (lagriminha, lagriminha - como é que ela conseguiu dizer aquilo tudo sem desatar a chorar é que é um mistério para mim!), o marido para a mulher (lagriminha, lagriminha), os filhos para os pais, a Christina a tocar guitarra e a cantar com a sua voz cheia e segura (lagriminha), um amigo peruano a trazer em mil instrumentos um bocadinho da sua terra para o nosso meio, a peça de teatro escrita especialmente para o casal, as pessoas sentadas na mesa onde havia lápis, cola e papel para preparar um álbum de recordações com as fotos que todos tinham trazido. O kiwi feito por uma das filhas para recolher dinheiro para a viagem à Nova Zelândia. Etc.

E no dia seguinte a Christina a despedir-se deles com muitos abraços, porque já só os vê daqui a um ano. Desconfio que conheço uma mãe que lá para princípios de Agosto vai apanhar uma desidratação.
Portanto: comprem acções da "Tempo" - nas próximas semanas o consumo de lenços de papel vai explodir.
















 

2 comentários:

Mar* disse...

Tão comovente, Helena. E a decoração, tão bonita e simples, como eu gosto. Deve ter sido uma comemoração mesmo especial :)

Helena Araújo disse...

Foi mesmo.
A única coisa realmente importante foi o amor e a amizade que existia entre as pessoas.