16 novembro 2011

como jogadores de futebol

No próximo mês a Hilary Hahn e a Hélène Grimaud vão tocar em Berlim. Fui ontem às bilheteiras, certíssima de que aconteceria um milagre, mas não aconteceu. Os bilhetes mais baratos começam nos 45 euros, o que dava noventa para cada concerto, o que dá quase uma semana de trabalho pago ao salário mínimo português. Para uma pessoa que controla os seus consumos pela bitola do salário mínimo: não dá. Não é uma questão de ter ou não ter esse dinheiro, é uma questão de perguntar se me sinto bem ao gastar para este prazer aquilo que custa a muita gente quarenta horas de trabalho.

Claro que se todos fossem como eu os restaurantes de luxo fechavam, criando ainda mais desempregados, que iam abrir bares de bifanas para tentar sobreviver, e eu não consigo consumir bifanas em número suficiente para dar de comer a essa gente toda. Por isso: não se sintam sequer tentados a compreender e a seguir os meus critérios. Isto é só uma maneira minha de me orientar num mundo feito de desigualdades e injustiças.

Agora: quarenta e cinco euros o bilhete mais barato?! Estes músicos ganharão como jogadores de futebol?!
Bom: se ganhassem, não estava nada mal.
Como seria um mundo em que os músicos ganhassem milhões, os bilhetes fossem a preços acessíveis, e os concertos em salas enormes sempre à cunha? Aaaah, deixem-me sonhar.

Até me lembra (mas isto agora não é nenhuma indirecta para os adeptos de futebol, embora pareça muito) um autocolante que vi num carro americano:

imagine que as escolas tinham à sua disposição todo o material de que necessitassem,
e as forças armadas tinham de organizar quermesses e vendas de bolos para comprar armas novas

35 comentários:

Rita Maria disse...

Claramente, a culpa é tua e dos teus posts sobre a filarmonia duas vezes por semana. E posso provar o que digo: antes de tu vires para cá, eu vi a Hélène Grimaud por dez euros!

PS: hihi.
PPS: hihi2, a palavra de verificaçao é "budgest", é só tirar uma letra.

Helena Araújo disse...

hahahahahaha

Paulo disse...

E eu vi-a de graça, com a minha sobrinha, com os bilhetes que a Gulbenkian disponibiliza(va?) para os estudantes universitários. Todos os meses ia uma lista de concertos para a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras (suponho que para as outras também). Era só ir depressa escolher antes que se esgotassem as borlas. Não havia bilhetes para todos os concertos e o número de bilhetes era limitado, claro.

Helena Araújo disse...

Estou mesmo a ver que no dia em que saiam as listas iam esperar à porta cinco horas antes de elas sair, não?
Ou são só os berlinenses que esperam quatro ou cinco horas ao frio, de madrugada, para ter acesso aos melhores bilhetes?
(esta cidade está cheia de malucos engraçados)

Paulo disse...

Não era preciso exagerar tanto.

Helena Araújo disse...

Pois, não estão dispostos a levantar-se cedo e depois queixam-se que a Merkel...
deixa lá, não disse nada.

;-) ;-) ;-)

(a verdade é que acho isto aqui uma loucura. Há mesmo gente que vai para a porta da filarmonia às seis da manhã, a meio do inverno, à espera que venham as dez horas, que é quando a bilheteira abre)

Paulo disse...

Pois há, abençoadas pessoas.

Helena Araújo disse...

Aaaalto, não estás a pensar que no dia 15 de janeiro eu vou fazer o mesmo, pois não? Eu tencionava ir para lá às 8, chegar às oito e meia...

Paulo disse...

Não, que ideia a tua! :o)

Helena Araújo disse...

ufffffffffff
(caiu-me uma pedra do coração!)
(emboramente: que é que não me pedes sorrindo que eu não faço chorando?)

E muitos ;-) e :-)

sem-se-ver disse...

a grimaud vem cá à gulbenkian, nao sei quando nem quanto custam os bilhetes


(eita, que comentário mais útil!!!)

(ameiiiiiiii o autocolante do carro americano)

Helena Araújo disse...

Eu bem saiba que ias gostar. Dá-me sempre vontade de rir imaginar os generais de aventalzinho a vender fatias de torta.

cjs disse...

É a lei da oferta e da procura.
Também há músicos (de pop, rock, etc.) que ganham milhões esgotando estádios ou recintos bem maiores, com bilhetes mais caros do que os dos jogos de futebol.
Os preços só são acessíveis se for preciso potenciar a procura.

Em Portugal, também houve quem passasse noites ao relento para conseguir comprar um bilhete para ver os U2 ou a Madonna.
E os bilhetes para a temporada da Gulbenkian também esgota(va)m logo.

E o futebol não vive só das bilheteiras, tem muitas receitas adicionais (direitos televisivos, patrocínios, merchandising, etc.) para pagar aos melhores "artistas": por ex. ao garantir ontem o apuramento para a fase final do Euro 2012, a nossa seleção de futebol assegurou um mínimo de € 8 milhões de receita para a FPF.

Helena Araújo disse...

E por falar em ontem: será que prometeste pagar uma rodada geral por cada golo? Ontem ocorreu-me isso, e temi o pior...
;-)

Carlos disse...

sem-se-ver,
a Grimaud estará na Gulbenkian no dia 17 de Dezembro, mas já está esgotado. Uma pena, porque o programa será bem interessante.

(eu e a Helena repartimos: eu dou-lhe informações sobre espectáculos e ela trata de todas as informações relacionadas com o seu enterro ;-)

Helena Araújo disse...

Carlos
hahahahahahaha hahahahahahahahaha hahahaha hahahahahahahahaha hahahahahahahahaha ahahahahahahaha

sem-se-ver disse...

ahahahahhahahahahah

sem-se-ver disse...

ainda rindo!!! :D :D :D

Rita Maria disse...

Olha, uma gargalhada por rodada!

Interessada disse...

Hélène Grimaud na Gulbenkian,no dia 17 de Dezembro.
40 euros é o preço de uma 1. plateia, para quem não tenha desconto. No balcão 15 euros.
Mas a lotação está esgotada.

Helena Araújo disse...

40 euros é o preço mais alto, aí?
Vou dizer já à Merkel que os portugueses têm uma vida boa demais... ;-)

Rita Maria disse...

Se tiveres um canal de comunicação aberto com essa senhora e o usares para isso, nem sabes o que te faço.

cjs disse...

mas viste como em lx já esgotou? E se calhar há muitos portugueses que estariam dispostos a pagar €45 ou mais e, no teu lugar, não desperdiçariam a oportunidade... mesmo que já andem a bifanas.

Helena Araújo disse...

Rita,
eu sou poderoooooooosaaaaaaaaaaa...
;-)

cjs,
pois é.
Mas aposto que os das bifanas iam aos bilhetes de 15.

Interessada disse...

É uma tentação para quem tem dinheiro, mas concordo com a Helena, quando considera que há gastos que são imorais. Já tenho sentido o mesmo.

sem-se-ver disse...

«Mas aposto que os das bifanas iam aos bilhetes de 15.»

TÁS-ME A CHAMAR 'OS DAS BIFANAS', HEIN???

ai que ainda nos zangamos a sério!!!




;-)

Helena Araújo disse...

eu adoro bifanas

(caramba, ainda bem que limpei há bocadinho debaixo da cama, nem sei que seria de mim se estivesse agora aqui no meio daquele pó todo que tirei há bocadinho...)

Carlos disse...

«eu adoro bifanas»

Também eu, mas só gosto daquelas que se vendem nas tascas, gordurosas e cozinhadas num molho que a gente desconfia ter várias semanas. É por isso que, quando estou para aí virado, vou sempre a tasca perto do Hospital de Sto. António! :-)

(ok, confesso: é coincidência; mas, que pode dar jeito, lá isso pode!)

sem-se-ver disse...

ahahahhahah


tonta :))

(mas reconhece que tive graça; eu achei :D


a ;-) era para a possibilidade de nos zangarmos; qt às bifanas, amo; quanto aos bilhetes de 15 euros, também!!


:D

Helena Araújo disse...

:-) e ;-) e :D

esta caixa de comentários está cheia de boa disposição - assim é que é bom!

Havemos um dia de ir comer as bifanas nojentas do Carlos (e com ele) ao lado do Santo António. Uma amiga minha trabalha lá.
(Nem sei porque digo isto - ela não é daquelas que fazem jeitinhos aos amigos)

Carlos disse...

Ahahahahahah

Helena, exactamente: NOJENTAS -- e nojentas é um elogio! :-)

(obrigado pela inclusão; quando vierem à minha cidade, bifanas ou outra coisa qualquer, considerem-se convidadas)

Carlos disse...

(e, junto ao Teatro Nacional S. João, há uns cachorrinhos-quentes que são ainda mais nojentos do que as bifanas -- e ainda melhores, também)

sem-se-ver disse...

lol. o carlos está disposto a fazer-nos disparar os indices de colesterol, 'tá visto.


(deve ser para apressar o negocio da helena que, recordo, tem a ver com o meu enterro :D

Carlos disse...

sem-se-ver, não, de todo; aliás, bem pelo contrário: estou a aumentar a aleatoriedade tudo isto, pois não será a única a ingerir doses astronómicas de colesterol. ;-)

Helena Araújo disse...

vou já começar a plantar as árvorezinhas, parece-me que isto vai ser um negócio da China...
(hihihihi)