Do que a Rita me foi lembrar hoje:
Os Cinco! Os Sete! A colecção Mistério!
O que esses livros nos faziam sonhar e sentir fortes, apesar de crianças!
Aos sete anos, fazia concursos com o meu irmão, dois anos mais velho: nas tardes de domingo e chuva deitávamo-nos no chão da sala, ele lia um livro dos cinco, eu lia um dos sete, a ver quem chegava primeiro ao fim.
O malandro passava por cima das partes das sanduíches e dos scones, o que na prática correspondia a poupar quase metade das páginas.
Por essa altura o meu pai decidiu vender a quinta do pai dele, com uma casa solarenga minhota, lindíssima. Combinei com o meu irmão passarmos a propriedade a pente fino, na esperança de encontrar um tesouro que evitasse a venda. Lembro-me bem dos olhos de raio-x com que avançávamos lentamente pelos corredores.
Não encontrámos nada, a casa foi vendida.
A casa, o jardim, o pomar, os terrenos até à fronteira do ribeiro, as palmeiras e tangerineiras, as japoneiras onde o avô fazia experiências de cores, a cavalariça.
Um golpe rude para a minha infância, que acreditava que podia ser como os Cinco e salvar a situação no último momento.
E depois - eu adivinhara! - ao fazer obras, os novos proprietários descobriram um pote cheio de libras de ouro.
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