23 fevereiro 2007

planos inclinados

O Ministério da Família alemão, aquele que criou um sistema que paga boa parte do salário ao progenitor que ficar em casa com o bébé (até um total máximo de 25.000 euros), está agora a trabalhar num projecto de alargar a rede de infantários, para que as mães não tenham de abandonar a vida profissional.

As reacções não se fizeram esperar: que o Governo acha que as mães não passam de máquinas reprodutivas, que está deliberadamente a provocar uma alteração de mentalidades, que só está interessado em criar uma bolsa de mão-de-obra, que por este andar as mulheres vão ter vergonha de se assumir como mãe a tempo inteiro, que as crianças é que vão pagar o preço da ideologia da ministra da família.

Isto não é um mundo, é um escorrega.


PS. Já contei aqui que a "elite" alemã não se reproduz. E como? Uma mulher estuda, começa uma carreira profissional (a custo, porque a sua fertilidade é um risco para o empregador), e lá para os 30, 35 anos tem de decidir se continua a trabalhar ou se fica em casa a acompanhar o crescimento dos rebentos. Se houvesse creches, e se uma mulher não tivesse de se justificar por gostar de trabalhar e gostar de ter família, talvez as coisas fossem diferentes.
A ministra da família tem sete filhos. O que lhe valeu foi o marido ter ido fazer um doutoramento nos EUA, e ter levado a família. Numa recepção na universidade, o reitor perguntou-lhe quais eram os seus projectos profissionais, ela respondeu "tenho filhos pequenos", ele voltou à carga "Oh, how nice - e quais são os seus projectos profissionais?"
E eis que ela escorregou para um mundo cheio de novas possibilidades. Ainda teve mais alguns filhos, o que não a impediu de fazer carreira política.
Quando a CDU escolheu para ministro da família uma mãe de família tão numerosa, pensei que era um bom exemplo para a sociedade alemã. Ela tem-se revelado bastante equilibrada e competente. Mas há grupos na sociedade alemã que se sentem ameaçados por esta nova visão (realismo, ou ideologia?) da família.

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