05 março 2021

as coisas como elas são


A newsletter do Spiegel desta manhã é devastadora: referindo-se à reunião da chanceler com os ministros-presidente das Länder para definir a estratégia de reabertura, alerta para a instabilidade dos três pilares nos quais essa estratégia assenta (vacinas, testes e app), e acusa os governantes alemães de andarem há meses a falhar estrondosamente.

"Isto também abala a tradicional percepção que os alemães costumavam ter sobre si próprios. Durante muito tempo, nós, alemães, estivemos convencidos de que vivíamos num país moderno, inovador e bem organizado. A pandemia privou-nos desta ilusão. Se a República Federal fosse realmente um país moderno, inovador e bem organizado - e ao mesmo tempo tivesse a sorte de ter uma liderança política empreendedora, ambiciosa e atenta - a situação pareceria agora mais risonha. Nesse caso, haveria agora boas perspectivas para a cultura, gastronomia ou comerciantes, haveria perspectivas de mais sociabilidade, de mais felicidade na vida."

Junto dois gráficos do Le Monde sobre a eficiência com que os países estão a vacinar a população. O segundo gráfico (a azul), é particularmente grave, porque mostra a incapacidade de certos países ministrarem as vacinas apesar de elas estarem disponíveis.
A Alemanha nem sequer é o pior - a França e a Itália, por exemplo, vão atrás.

E Portugal tem um desempenho exemplar (a ver se alguém se lembra de dizer que a culpa é do Costa...) ADENDA: nos comentários a este post no facebook foram dadas mais algumas informações suficientemente importantes para serem acrescentadas aqui:

- A newsletter tinha ainda dois pontos importantes: um mea culpa sobre o papel dos media, que deram informações erradas, criando desconfiança em relação à vacina AstraZeneca; uma crítica à agência alemã que autoriza as vacinas, e tomou decisões contrárias às suas congéneres estrangeiras e europeia (que corrigiu mais tarde, mas, obviamente, provocou mais atraso ainda e mais insegurança);

- "Para se perceber completamente o gráfico azul: a Dinamarca, e presumo que a Estónia e a Letónia, escolheu a estratégia de adiar as tomas de segundas doses, motivo pelo qual não cria reservas de vacinas" (comentário da amiga a quem roubei os gráficos).

1 comentário:

Projeto 6 X 2 disse...

Olá Helena
Estava a ler a publicação e no final dei uma gargalhada ...
Parabéns!