24 março 2020

notícias da minha tranquilíssima aldeia



Há tempos senti alguma curiosidade de saber qual seria o som de uma cidade sem o ruído de carros. Agora já sei - e é estranho. O cenário é o de sempre -  casas, carros, casas, carros - mas sobre tudo há um silêncio entrecortado apenas por gritos de gaivotas. Fechando os olhos podíamos imaginar que estamos de férias numa aldeia costeira tranquila.

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Ontem alegrei-me ao ver duas crianças de bicicleta e um pai na rua até então desertíssima. Que bela música: "Papá! Papá! Olha, papá!"

Onde estarão todas as crianças deste bairro? Deviam deixá-las sair para correr em frente da porta de casa. Das 10:05 às 10:25 a família do 1º Esq., das 10:35 às 10:55 a família do 1º Dir., e por aí sucessivamente. Nós todos a sorrir à janela: a ver os miúdos brincar, aprender a andar de bicicleta ou de patins. Até nos esquecíamos de ir à cozinha comer qualquer coisa outra vez.

Por acaso, agora que penso nisso: porque é que se pode ir passear o cão e não se pode passear os filhos? Tomando, obviamente, todas as precauções para não chegar perto de ninguém e para não tocar nada.

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O meu coro vai recomeçar hoje os ensaios. Com o sistema de conferência zoom, cada um na sua casa.
Acabei de descobrir que me esqueci das partituras em Berlim...

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Hoje não preciso de ir ao supermercado. Tanto melhor! Ainda não me habituei àquelas coreografias de fuga pelos corredores: como se os outros tivessem peçonha.


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