06 julho 2018

"Seehofer oferece a Merkel mais uma oportunidade para salvar a coligação"

Encontrei no facebook esta notícia do Público ("Seehofer oferece a Merkel mais uma oportunidade para salvar a coligação")  com um comentário de Luís Januário dizendo o seguinte:Esta, evidentemente com outro título, é a notícia mais importante da actualidade. Na sequência da reunião horribilis de que Costa saiu sem voz, Seehofer, a direita da coligação de governo alemão tenta encostar Merkel à parede. Merkel tem agora na Europa o grupo dito de Visegrado, alargado à Itália e à Áustria e no interior do governo tem esta serpente. O jornalista que escreve este título ou não percebe nada ou não quer que os leitores percebam de que salvação se trata.

Por aqui as coisas estão a acontecer muito depressa. Seehofer apresentou a demissão, logo a seguir reconsiderou, e entretanto os tais "centros de trânsito" em três passagens de fronteira (e que não passam de um truque de ilusão para o eleitorado bávaro) vão passar a ser "procedimento de trânsito". Nem explico o que isto é, porque provavelmente amanhã já decidiram outra coisa...

Seehofer e o seu partido saíram completamente ridicularizados desta manobra. De tal modo que alguém lembrou uma frase antiga, a propósito de um outro episódio político: "quando o leão bávaro ruge, só sai mau hálito". 

O problema de fundo é a AfD. Seehofer está a tentar não perder o eleitorado mais à direita. Ouvi recentemente a um deputado do partido da chanceler a exposição do dilema: se a coligação CDU/CSU se mantiver fiel aos princípios humanistas, os eleitores vão fugir para o partido populista, nacionalista e xenófobo que têm mais à direita. 
O problema não é "esta serpente" no governo da Merkel. O problema é a serpente no seio do sistema democrático: a possibilidade de um partido oportunista e cínico ganhar uma grande parte do eleitorado. Como é que foi possível chegar a esta situação?
E, já agora, para o jornalista que escreve "nenhum dos cenários é animador para a chanceler: executivo minoritário ou eleições antecipadas": o problema não é haver novas eleições e a Merkel perder o poder. O problema é a AfD ganhar ainda mais lugares no Parlamento.

Sem comentários: