11 julho 2017

diário intermitente das férias (2)

IV.
E agora largo o cantinho internet debaixo da ramada e vou fazer uma fogueira com tábuas velhas de uma pipa de vinho, para depois grelhar uns bifes que trouxe ontem do Soajo.
Foi a vizinha que me deu. Uma braçada delas, "estão impregnadas de vinho, é o melhor que há para grelhar carne", disse ela.
Depois descobri que tenho uma árvore carregadinha de ameixas amarelas e não sabia, isto até parece que sou dona de um latifúndio, mas não: sou apenas distraída.
Em todo o caso, agarrem-me, que estou com vontade de ter inveja de mim própria.


V.
Joachim não me deixou queimar as tábuas. Guardou-as para uma pintura. Agora sei o que a mulher do Picasso sofria: ela a pegar numa travessa para pôr o almocinho em cima, e ele, zás, tirava-lha da mão e pintava-a.

VI.
Um amigo que soube desta história das tábuas no facebook ofereceu-me logo uns cascos de carvalho de metro e meio para o Joachim pintar.
Coitadinho do Picasso, coitadinhos de nós: que espantosas obras perdemos todos, só porque no tempo dele não havia facebook?


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